Bolsonaristas se acorrentam no Senado e Alcolumbre cria estratégia contra a pressão

Atualizado em 6 de agosto de 2025 às 18:29
O senador Magno Malta e o deputado Hélio Lopes, do PL, acorrentados na mesa do plnário do Senado. Foto: reprodução

Em mais uma escalada da crise institucional, senadores e deputados da oposição adotaram nesta quarta-feira (6) medidas radicais de protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os senadores Magno Malta (PL-ES) e Eduardo Girão (Novo-CE), junto com o deputado Hélio Lopes (PL-RJ), acorrentaram-se à mesa do plenário do Congresso Nacional, em um ato simbólico que a cúpula do Legislativo classificou como busca por holofotes e confronto.

A medida é a mais recente de uma série de ações de obstrução iniciadas na terça-feira (5), quando a oposição anunciou a paralisação dos trabalhos legislativos. Os parlamentares exigem que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), paute o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e a votação do projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

Apesar dos protestos, Alcolumbre tem trabalhado nos bastidores para minimizar o impacto da obstrução. O presidente do Senado entrou em contato pessoalmente com senadores e presidentes de comissões para garantir a retomada de atividades em colegiados importantes.

Comissões como a de Constituição e Justiça (CCJ), Direitos Humanos (CDH), Meio Ambiente (CMA) e Ciência e Tecnologia já retomaram seus trabalhos, deliberando sobre nomeações e realizando audiências públicas.

Alcolumbre tem evitado medidas mais duras, como a convocação da Polícia Legislativa para remover os parlamentares acorrentados, na tentativa de preservar a imagem do Congresso. No entanto, avalia-se que há um limite para a tolerância com as ações de paralisação, especialmente diante de prejuízos concretos à agenda legislativa.

A paralisação já começa a afetar projetos importantes. Um deles é a proposta que isenta do Imposto de Renda quem recebe até dois salários mínimos (R$ 3.036). Se não for votada até segunda-feira (11), a medida perderá a validade. Originalmente, o texto estava previsto para entrar na pauta entre esta quarta e quinta-feira (6 e 7).

Além disso, a obstrução atrasa a análise de outras matérias urgentes, como o orçamento e projetos de interesse econômico. A estratégia da oposição, porém, parece focada em manter a pressão sobre o STF e o governo, mesmo que às custas da produtividade legislativa.