
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou que há um “sentimento de incômodo” entre os parlamentares diante de decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele citou como exemplo o episódio envolvendo o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
“Transparece que aquilo que está sendo decidido pelos legítimos representantes do povo brasileiro, que somos nós, os legisladores, não está sendo respeitado”, disse. Motta também argumentou que episódios do tipo geram desconforto e um ambiente de “solidariedade mútua” entre parlamentares.
“Principalmente num momento em que nós temos tido, infelizmente, parlamentares sendo alvo dessas decisões, que não estou criticando ou concordando, mas isso de certa forma mexe com o sentimento do parlamentar”, acrescentou.
Apesar das críticas ao Judiciário, o presidente da Câmara defendeu que os deputados que participaram do motim no plenário sejam punidos. A ocupação, protagonizada por bolsonaristas, durou dois dias e exigiu sua volta aos trabalhos às 22h30 de quarta-feira. “Não podemos concordar com o que aconteceu, precisamos ser pedagógicos nessa situação”, afirmou.

Segundo Motta, a decisão sobre as punições será tomada pela Mesa Diretora da Câmara, mas ele adiantou que defenderá sanções. “Não tenho a menor dúvida que a oposição extrapolou tudo aquilo que poderia ser o limite do razoável. Esse é, penso eu, um pensamento majoritário”, acrescentou.
O deputado também comentou sobre a proposta de anistia a condenados pelos atos de 8 de janeiro e disse que o “sentimento médio da Câmara é que penas são exageradas para crimes não tão graves”. Para ele, existe um endosso maior ao perdão a “pessoas humildes”.
Questionado se a anistia poderia beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, Motta não confirmou nem negou, limitando-se a dizer que o projeto não tem consenso quando se trata de acusados de planejar ataques contra Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes. “Há um receio sobre aprovar uma anistia ampla, geral e irrestrita devido a esses episódios”, avaliou.
O presidente da Casa declarou ainda que não considera o ato golpista como uma ação organizada e que o Brasil vive um “momento completamente atípico”. “Vejo como um ataque às instituições, mas não acredito que a invasão dos prédios dos Poderes em 8 de janeiro de 2023 tenha sido feita de forma organizada”, completou.