Tarifaço de Trump leva Taurus a mudar produção para os Estados Unidos

Atualizado em 9 de agosto de 2025 às 16:42
Fábrica da Taurus. Foto: Reprodução

A fabricante de armas Taurus anunciou que vai transferir a montagem da família G, sua principal linha de produtos, para a unidade localizada no estado da Geórgia, nos Estados Unidos, a partir de setembro. A decisão ocorre em resposta à tarifa de 50% imposta pelo presidente americano Donald Trump sobre exportações brasileiras. Atualmente, cerca de 2.100 armas dessa linha produzidas no Brasil são enviadas diariamente ao mercado norte-americano. Com a mudança, aproximadamente 900 unidades serão montadas diretamente nos EUA.

O CEO global da Taurus, Salesio Nuhs, afirmou que a empresa vinha se preparando desde abril para mitigar os impactos das tarifas. Entre as medidas adotadas, está o reforço do estoque de produtos acabados nos Estados Unidos, garantindo cerca de 90 dias de abastecimento, além da antecipação das exportações de peças e partes, como carregadores, antes da taxação.

A mudança é estratégica para a companhia, já que as exportações para o mercado americano representam 82,5% do faturamento anual da Taurus. Em 2024, a empresa registrou receita líquida de R$ 1,6 bilhão, o que evidencia a forte dependência em relação às vendas para os Estados Unidos. Em julho, quando a possibilidade das tarifas foi anunciada, as ações da fabricante chegaram a cair 7,87% em um único dia.

A Taurus mantém atualmente três unidades de produção: a sede em São Leopoldo (RS), a fábrica na Geórgia, com capacidade para produzir até 3.000 armas por dia, e outra na Índia, que iniciou operações em 2024. No Brasil, a capacidade diária chega a 7.000 armas. A diversificação geográfica da produção é vista pela empresa como forma de proteger o fluxo comercial diante de barreiras tarifárias.

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Segundo Nuhs, a transferência parcial da produção permitirá manter a competitividade nos Estados Unidos, evitando perdas significativas de receita e assegurando a presença da marca no seu principal mercado. Ele também destacou que a formação de estoques e a antecipação logística foram decisões cruciais para garantir a continuidade das vendas.

A medida reflete a preocupação de empresas brasileiras exportadoras com o impacto do chamado “tarifaço” de Trump, que vem afetando setores estratégicos como o de armamentos, carnes, máquinas e commodities. O governo brasileiro ainda discute um pacote de contingência para amenizar os efeitos da medida sobre a economia nacional.