Motim bolsonarista reforça aliança de Alcolumbre com base de Lula

Atualizado em 10 de agosto de 2025 às 14:37
Em reunião tensa, presidente do Senado desafia oposição, impõe autoridade e encerra ocupação das mesas diretoras. Foto: Reprodução

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), saiu politicamente fortalecido após resistir ao motim de senadores bolsonaristas que ocuparam o plenário por dois dias e deixaram o local na quinta-feira (7). A base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apoiou o comando de Alcolumbre na retomada das atividades legislativas, consolidando a aproximação do senador com o núcleo governista.

O gesto mais simbólico ocorreu após a primeira sessão com votações retomadas, quando Alcolumbre deixou o plenário abraçado ao líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), e ao ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (MDB-AL). O trio se dirigiu à presidência da Casa para uma reunião fechada, na qual avaliaram a semana e celebraram a aprovação da Medida Provisória que ampliou a isenção do Imposto de Renda.

Durante a crise, Alcolumbre foi categórico ao afirmar que não pautaria o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, exigência central dos bolsonaristas que bloqueavam a Mesa Diretora. Em reunião do colégio de líderes, reforçou que a prerrogativa de decidir sobre o afastamento de ministros do STF é exclusiva do presidente do Senado e que manteria sua posição “nem com 81 assinaturas”.

A negativa foi direcionada ao senador Eduardo Girão (Novo-CE), um dos mais ativos opositores. Para enfraquecer a ocupação, Alcolumbre convocou sessão virtual e alertou que os que permanecessem no plenário seriam retirados pela polícia antes da sessão presencial. A medida contribuiu para esvaziar a mobilização, e os bolsonaristas deixaram o local sem avanços.

Hugo Motta cercado por bolsonaristas durante motim. Foto: Wilton Junior/Estadão

O episódio reforçou a imagem de Alcolumbre entre senadores experientes, que elogiaram sua postura. A atuação contrastou com a do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que precisou negociar com deputados bolsonaristas ainda ocupando a Mesa Diretora para reassumir o comando e depois acionou a Corregedoria contra 14 parlamentares envolvidos no motim.

Com a crise superada, Alcolumbre fortalece não apenas sua liderança no Senado, mas também sua aliança com o governo, ao se posicionar contra a pressão da oposição e assegurar o andamento da pauta legislativa. A atuação firme na condução da Casa foi vista por aliados como um marco na relação com Lula e na consolidação de sua influência no Congresso.