O filho do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, Bernardo van Brussel Barroso, decidiu não retornar aos Estados Unidos após o anúncio do governo Donald Trump sobre a suspensão dos vistos de entrada para ministros do Supremo e seus familiares. Com informações da Folha de S.Paulo.
A decisão veio após a gestão do republicano revogar os vistos de oito ministros do STF, em uma medida que tensiona as relações diplomáticas com o Brasil. A ação excluiu apenas Luiz Fux, André Mendonça e Kássio Nunes Marques — os dois últimos, indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Bernardo van Brussel Barroso é diretor do BTG Pactual em Miami. Ele estava de férias na Europa quando soube da medida anunciada pela gestão Trump. Seguindo orientação do pai, ministro Luís Roberto Barroso, ele decidiu retornar ao Brasil.
A escolha de não retornar aos Estados Unidos foi tomada como uma precaução, já que os ministros ainda não receberam comunicação oficial sobre a suspensão dos vistos. Havia o receio de que Bernardo fosse barrado na entrada nos EUA, o que levou Barroso a aconselhar o filho a evitar a situação.
A família do presidente do STF mantém laços acadêmicos e profissionais com os Estados Unidos. Luís Roberto Barroso é colaborador acadêmico da Harvard Kennedy School e tem realizado visitas frequentes a universidades norte-americanas durante sua gestão como presidente do Supremo Tribunal Federal.
Sua filha, Luna van Brussel Barroso, cursou pós-graduação na Universidade Yale entre 2022 e 2023. Ela retornou ao Brasil para fazer doutorado em Direito Constitucional na Universidade de São Paulo (USP).
Já Bernardo estudou durante três meses em 2018 na Cambridge Square Capital, em Boston, e posteriormente concluiu seu mestrado em Ciência de Dados no McDaniel College, também nos EUA. Desde agosto de 2024, ele atua como diretor associado do BTG Pactual. Ele já viveu em Nova York e, mais recentemente, se estabeleceu em Miami.
A decisão do governo Donald Trump de suspender os vistos é vista como uma retaliação ao avanço das investigações do STF contra Jair Bolsonaro e seus aliados, acusados de participação na tentativa de golpe de 2022.
Além da revogação de vistos, o republicano também aplicou a Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, proibindo-o de realizar operações financeiras em dólar ou utilizar cartões de crédito com bandeiras como Mastercard e Visa. A sanção busca isolar o magistrado do sistema financeiro dos Estados Unidos.
A ofensiva do governo Trump acendeu um alerta no STF. Há um temor crescente entre os ministros de que as sanções financeiras possam ser estendidas a outros integrantes do tribunal e também a seus familiares.