
Mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF) revelam que o coronel Flávio Peregrino, assessor do general Walter Braga Netto, registrou a insatisfação do chefe e do ex-secretário de Assuntos Fundiários, Luiz Antônio Nabhan Garcia, com o lobby de Eduardo Torres, irmão de Michelle Bolsonaro. Segundo ele, Torres pedia dinheiro em nome da ex-primeira-dama e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Com informações do Estadão.
Em anotações no WhatsApp feitas em junho de 2024, Peregrino chamou Torres de “Zé Bombinha” e relatou que Braga Netto e Nabhan estavam “putos” com o que classificou como “tráfico de influência” em agendas e viagens a São Paulo.
“O Eduardo Torres (irmão da Michelle) não tem nem cargo no PL, mas faz um lobby e usa o nome do B e da MB para ter influência e angariar apoio ($$). Por isso, o W e Nabhan estavam putos com esse tráfico de influência nas agendas e nas viagens em SP. Ele é ‘Zé Bombinha’ (fotógrafo e cinegrafista), mas vende que tem poder de influência”, escreveu.

O coronel também afirmou que foi envolvido no caso para desviar a atenção de outra crise. “Nessa confusão me envolveram (provavelmente o W) querendo tirar o foco da confusão dele (W) que chegou ao conhecimento da MB”, registrou. Nas mensagens, W se refere a Walter Braga Netto e MB a Michelle Bolsonaro.
Segundo a PF, Braga Netto é investigado no inquérito sobre a tentativa de golpe e utilizava Peregrino, descrito como seu “braço direito”, para intermediar contatos entre investigados e articular estratégias de defesa. Antes da prisão de Braga Netto, em dezembro de 2024, o coronel acusou Bolsonaro de tentar se eximir de responsabilidade.
“A Defesa do B (em especial a comunicação dele) está usando agora áudios que foram divulgados da Operação Contragolpe e o Relatório Final para reforçar a tese de que, apesar de todo mundo querer fazer alguma coisa, foi o B que não quis. Tirando o corpo dele fora, mesmo que para isso jogue no colo do Heleno, Braga Netto, Paulo Sérgio, Garnier, Cid, Câmara, Filipe Martins e até do Padre”, escreveu em 28 de novembro.
As anotações também indicam que Braga Netto buscava manter influência e o cargo de secretário de Relações Institucionais no PL por meio de lobby com aliados políticos, incluindo Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e a própria Michelle.
“Situação no PL. (…) Alguém ligou para VCN [Valdemar Costa Neto] dizendo que era para dispensar toda a equipe. Buscar apoio: sen FB [senador Flávio Bolsonaro] (tudo que foi feito na campanha), sen Rogério M [Marinho], Gilson Machado, D. Michelle”, anotou Peregrino.
Apesar da articulação, Braga Netto e seu assessor foram afastados do PL após a prisão do general.
