
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusou, nesta terça-feira (12), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tentar interferir nas eleições presidenciais brasileiras de 2026. A declaração foi feita durante participação no programa “O É da Coisa”, apresentado por Reinaldo Azevedo na BandNews FM: “Eu acho que ele [Trump] quer [influenciar as eleições]”.
Durante a entrevista, o petista ainda ironizou e sugeriu que o republicano participe dos palanques da oposição bolsonarista em 2026, mas lembrou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é acusado de tentativa de golpe de Estado no Brasil.
Desde julho de 2025, o governo norte-americano vem anunciando sanções comerciais e políticas contra o Brasil, além de medidas direcionadas a autoridades brasileiras. Entre as justificativas do governo norte-americano estão decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e o processo judicial envolvendo Bolsonaro.
O pacote de sanções inclui:
- Tarifas comerciais (tarifaço),
- Suspensão de vistos,
- Aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes.
O Departamento de Estado dos EUA também publicou, nesta terça-feira, um relatório que acusa o Brasil de deterioração dos direitos humanos.
Lula atropelando Trump, Eduardo Bolsonaro e o Jair na Band. pic.twitter.com/UL7bSEdQnj
— GugaNoblat (@GugaNoblat) August 12, 2025
Lula reforçou sua posição contra qualquer tentativa de deslegitimação das eleições brasileiras, criticando diretamente Trump e o comportamento de Jair Bolsonaro após a derrota nas urnas.
“Ele [Trump] até poderia fazer palanque aqui, para o Bolsonaro, para quem seja dele, não tem nenhum problema. O dado concreto é que quem foi eleito nesse país toma posse. Eu perdi três eleições e eu sei perder, não fico com denguinho, não fico culpando o outro, culpando o adversário. Eu culpo a mim mesmo. O cidadão que o Trump está defendendo não soube perder e estava preparando um golpe de Estado”, criticou.
Em tom irônico, Lula comparou a invasão do Capitólio nos EUA com a tentativa de golpe no Brasil, afirmando que Donald Trump também seria responsabilizado criminalmente se estivesse no país: “Vou mandar informar o Trump sobre a tentativa de golpe [no Brasil]. Se fosse aqui no Brasil, ele [Trump] estaria sendo julgado tanto quanto o Bolsonaro”.
Apesar das tensões com os Estados Unidos, o chefe do governo brasileiro evitou atacar o empresariado nacional, que tem criticado o governo por dificultar negociações com o país norte-americano. “Nunca me importei com comportamento eleitoral do empresariado. O Trump é que tem que ter preocupação com agronegócio brasileiro. Estamos dispostos a negociar a questão do etanol com EUA”, afirmou.
Lula também ironizou a proximidade entre Donald Trump e os filhos do ex-presidente Bolsonaro, especialmente Eduardo Bolsonaro (PL), apontado como responsável por articulações políticas nos EUA: “O Trump precisa ter uma assessoria que mostre conhecimento sobre o Brasil. Se o Trump montar assessoria com filho do Bolsonaro, vai ter informações erradas sobre Brasil”.
O governo brasileiro considera que Eduardo Bolsonaro teve papel direto na articulação das sanções americanas contra o Brasil e suas instituições.
Encerrando a entrevista, Lula foi enfático ao acusar os filhos de Jair Bolsonaro de estarem traindo o Brasil ao influenciar negativamente o governo Trump contra o país. “O Trump está com filho do Bolsonaro e outras pessoas instigando eles contra o Brasil. Acho que esses meninos estão cometendo crime de traição à pátria e serão julgados no Brasil”, declarou o presidente.