MP investiga enriquecimento bilionário da mãe de fiscal do caso Ultrafarma

Atualizado em 12 de agosto de 2025 às 21:58
Sidney Oliveira, fundador e dono da Ultrafarma, foi preso em SP — Foto: José Patrício/Estadão Conteúdo

O Ministério Público de São Paulo apura a evolução patrimonial da professora aposentada Kimio Mizukami da Silva, mãe do auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto, preso na Operação Ícaro. Segundo a investigação, ela passou de R$ 411 mil declarados no Imposto de Renda, em 2021, para R$ 46 milhões em 2022 e R$ 2 bilhões em 2023. O MP aponta que o salto está ligado a um esquema bilionário de corrupção envolvendo a Secretaria da Fazenda, a Ultrafarma e a Fast Shop. Com informações do G1.

Artur é apontado como o “cérebro” do esquema de ressarcimento irregular de créditos de ICMS que teria movimentado mais de R$ 1 bilhão em propinas desde 2021. Ele é acusado de coletar documentos, fazer os pedidos de ressarcimento e aprovar ele próprio os processos, liberando valores superiores aos devidos e agilizando os pagamentos para empresas beneficiadas. Em contrapartida, receberia pagamentos mensais de propina.

A mãe do auditor é sócia da Smart Tax, empresa de fachada usada para lavar dinheiro, segundo os promotores. A sede da companhia é a residência de Artur em Ribeirão Pires, e o MP afirma que o local não possui estrutura de empresa, nem funcionários. Embora fosse a proprietária oficial, Kimio não participava das reuniões com empresas como a Fast Shop, indicando que o filho atuava em nome da sociedade.

Dinheiro apreendido. Foto: PM/Divulgação

Na operação, além de Artur e Kimio, foram presos o fundador da Ultrafarma, Sidney Oliveira, o auditor fiscal Marcelo de Almeida Gouveia, o diretor da Fast Shop Mario Otávio Gomes e o casal Celso Éder Gonzaga de Araújo e Tatiane da Conceição Lopes, acusado de lavar recursos do esquema. Na casa de Celso, em Alphaville, a polícia apreendeu dois pacotes de esmeraldas, R$ 330 mil, US$ 10 mil e 600 euros guardados em um cofre.

As investigações apontam que a Smart Tax começou a atuar em 2021, quando o esquema teria sido iniciado. Kimio justificou à Receita Federal que o aumento de seu patrimônio se deu pela compra de criptomoedas com lucro obtido pela empresa, mas os promotores afirmam que não há registros compatíveis de operação ou conhecimento técnico por parte dela para exercer atividade de assessoria tributária.

Os investigados poderão responder por corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. A Secretaria da Fazenda informou que instaurou processo administrativo para apurar a conduta do servidor e solicitou ao MP o compartilhamento das informações do caso. A pasta disse repudiar práticas ilícitas e reafirmou o compromisso com a ética e a justiça fiscal.