Motta deixa anistia e fim de foro de fora das prioridades da Câmara no 2º semestre

Atualizado em 13 de agosto de 2025 às 0:01
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), fazendo careta
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) – Reprodução

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou nesta terça-feira (12) a lista de projetos prioritários para o segundo semestre legislativo. Durante o discurso, ele não mencionou propostas defendidas pela oposição, como a PEC do fim do foro privilegiado e o PL da Anistia para os envolvidos nos atos de 8 de Janeiro.

Entre as propostas que terão prioridade na Câmara, segundo Hugo Motta, estão:

  • PEC da Segurança Pública
  • Plano Nacional de Educação
  • Reforma Administrativa
  • Ampliação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil
  • Regulamentação da Inteligência Artificial
  • Regulamentação do trabalho por aplicativo
  • Combate a fraudes no INSS

Outro ponto destacado por ele foi a proteção de crianças e adolescentes frente à exposição inadequada em conteúdos produzidos por influenciadores digitais.

“Essa iniciativa é muito válida porque todas as famílias estão inseridas nesse ambiente. É uma realidade que não só o país, mas o mundo enfrenta. A principal preocupação é a segurança das nossas crianças e adolescentes”, afirmou o presidente da Câmara.

Hugo Motta após reassumir cadeira ainda cercado de parlamentares de oposição que fizeram motim
Hugo Motta após reassumir cadeira ainda cercado de parlamentares de oposição que fizeram motim – Reprodução

Hugo Motta também indicou que outras propostas poderão ser discutidas por meio do Colégio de Líderes: “As pautas listadas serão tratadas ao lado de tantas outras que esta Presidência entende serem fundamentais para o país, bem como das prioridades que serão trazidas pelas lideranças partidárias no foro adequado, que é o Colégio de Líderes”.

O discurso aconteceu na primeira sessão plenária após o bloqueio das atividades legislativas nos dias 5 e 6 de agosto. Deputados e senadores da oposição obstruíram fisicamente a Mesa Diretora da Câmara em protesto à prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL) e exigiram a inclusão de projetos de interesse do ex-presidente na pauta legislativa.

A oposição pressiona pela votação da PEC 333/2017, que trata do fim do foro privilegiado. O foro por prerrogativa de função define quais autoridades devem ser julgadas diretamente pelo STF (Supremo Tribunal Federal). A proposta tem ganhado força diante das críticas ao Supremo por manter processos de Bolsonaro sob sua análise, mesmo após o fim do seu mandato.

Desde 2018, o STF entende que o foro só se aplica a crimes cometidos durante e relacionados ao cargo. Em 11 de março de 2025, no entanto, a Corte mudou seu entendimento, permitindo que investigações iniciadas no STF continuem no Tribunal mesmo após o fim do mandato do investigado. Essa decisão foi duramente criticada por parlamentares da oposição, que a veem como um mecanismo de blindagem política.

Outro projeto defendido pela oposição é o PL 2.858/2022, conhecido como PL da Anistia, que propõe perdão judicial a todos os acusados — condenados ou não — por tentativa de golpe de Estado em 2022 e 2023.