
Cinquenta acadêmicos brasileiros que atuam em universidades dos Estados Unidos, como Harvard, Brown, Princeton e Columbia, enviaram uma carta ao presidente americano Donald Trump denunciando suposta interferência do governo dos EUA nos assuntos internos do Brasil, com informações de Jamil Chade, no UOL.
O grupo manifesta preocupação com a exigência de Trump para que as acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por sedição sejam retiradas. A carta foi assinada por professores e pesquisadores de instituições de destaque.
O documento, patrocinado pela Rede EUA pela Democracia no Brasil (USNDB), afirma que “os esforços do atual governo americano para interferir indevidamente nos assuntos internos do Brasil [são] uma afronta à independência do sistema judiciário brasileiro e ao Estado de Direito”. Os signatários incluem especialistas em Brasil e América Latina, trabalhadores culturais e estudiosos de políticas públicas radicados nos EUA.

Na carta, os acadêmicos também expressam apoio a senadores norte-americanos que questionaram as tarifas impostas ao Brasil, afirmando que a medida teria como objetivo pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) a encerrar processos contra Bolsonaro e outros investigados. Segundo eles, as acusações envolvem tentativa de derrubar o governo democraticamente eleito de Luiz Inácio Lula da Silva, além de outros crimes graves previstos na legislação e na Constituição brasileira.
O coordenador nacional do USNDB, James N. Green, relembrou que, em 1964, os Estados Unidos apoiaram a derrubada do governo brasileiro democraticamente eleito, episódio que deu início a 21 anos de regime autoritário. Ele destacou ainda que, em 2016, Bolsonaro, então deputado, defendeu a ditadura militar e práticas como a tortura.
Para os signatários, a postura de Trump repete erros do passado e demonstra ingerência indevida nos assuntos brasileiros. O grupo afirma que a pressão externa compromete a autonomia das instituições e ameaça a soberania nacional.