Autor de “Como As Democracias Morrem” elogia STF e critica tarifaço de Trump

Atualizado em 13 de agosto de 2025 às 9:03
O cientista político norte-americano Steven Levitsky. Foto: Reprodução

O cientista político Steven Levitsky, autor do best-seller “Como as Democracias Morrem”, elogiou a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) na defesa da democracia brasileira diante dos atos golpistas de 8 de janeiro e do processo contra Jair Bolsonaro (PL), e criticou a postura dos Estados Unidos diante do presidente Donald Trump.

Em palestra na última terça-feira (12), durante o seminário Democracia em Perspectiva na América Latina e no Brasil, no Senado, ele afirmou que “o Brasil reagiu de forma mais eficaz às ameaças autoritárias do que os EUA”.

“Alguns poderiam argumentar que a Suprema Corte brasileira deveria dar alguns passos atrás. Mas acredito que a Suprema Corte brasileira fez exatamente a coisa certa, defendendo a democracia brasileira agressivamente. A resposta do Brasil à ameaça de Bolsonaro tem sido mais eficaz do que a resposta americana a Trump. O Congresso e a Justiça dos Estados Unidos abdicaram de sua responsabilidade de encarar o autoritarismo de Trump”, disse Levitsky.

Segundo o professor de Harvard, “a diferença está no fato de que o Brasil já passou por um regime de exceção, o que fez com que suas instituições e sua sociedade reagissem prontamente à atuação de Bolsonaro”.

“A falta de memória coletiva sobre regimes autoritários fez com que políticos e cidadãos não enxergassem o risco de erosão democrática” e, por isso, “desistiram de julgar Trump por tentativa de golpe em 2021”, afirmou. “No Brasil, estão investigando e processando Bolsonaro, baniram a possibilidade de Bolsonaro concorrer a cargos eletivos, e parece que vão condená-lo por seu atentado à democracia. (…) Essa é uma diferença [em relação aos EUA] que tem consequências”.

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Reprodução

O cientista político também criticou a Suprema Corte dos EUA, dizendo que “a Suprema Corte americana atrapalhou os esforços de pararem o Trump, e a corte suprema brasileira está agressivamente tentando processar o Bolsonaro”.

Ele ainda classificou como “irônico” o fato de os Estados Unidos aplicarem tarifas de 50% sobre produtos brasileiros ao mesmo tempo em que o Brasil teria feito o que os norte-americanos deveriam ter feito em relação a Trump.

“A grande ironia é que os Estados Unidos estão punindo o Brasil hoje por fazer o que os americanos deveriam ter feito. Como cidadão americano, eu me sinto envergonhado”, ressaltou.

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