Senadores relataram que Gilberto Kassab, presidente do PSD, teria tentado influenciar parlamentares de seu partido a assinarem o pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Paulo Cappelli, do Metrópoles, a informação circulou nos corredores do Congresso nesta semana, com interlocutores afirmando que a suposta orientação foi direcionada especialmente aos senadores mais alinhados à direita.
Dos 41 senadores que assinaram o documento, três são do PSD: Nelsinho Trad (MS), Margareth Buzetti (MT) e Lucas Barreto (AP). Já Sérgio Petecão (AM) teria desagradado à cúpula do partido ao não aderir à iniciativa, mantendo uma postura ambígua. Ele também publicou mensagens sobre o rito do impeachment sem, no entanto, assinar o pedido.
Kassab negou a tentativa de interferência, por meio de assessoria, ter exercido qualquer tipo de pressão sobre os parlamentares. O episódio ocorre em um momento de tensão entre o PSD e o ministro do STF.
Recentemente, após Kassab manifestar apoio à anistia dos condenados pelos atos de 8 de Janeiro, Moraes determinou o retorno ao Supremo de um inquérito da Lava Jato envolvendo o presidente do PSD.
O caso havia sido enviado pelo próprio Moraes à Justiça Eleitoral de São Paulo em 2019, e, em 2021, Kassab tornou-se réu após a denúncia ser aceita. O processo foi arquivado em junho deste ano após manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Alcolumbre mantém postura firme e rejeita impeachment
Enquanto a pressão política contra Moraes cresce, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), reafirmou publicamente que não dará andamento ao pedido de impeachment, mesmo que o documento atinja o número mínimo de assinaturas necessárias (27).
“Nem se tiver 81 assinaturas, ainda assim não pauto impeachment de ministro do STF para votar”, declarou Alcolumbre em reunião com líderes partidários, segundo relatos do Estadão. A fala foi interpretada como um recado direto à oposição, que já reuniu 41 assinaturas para o pedido.
Ministros do STF avaliam que a postura de Alcolumbre é correta e que não há qualquer fundamento legal para um impeachment. “Isso não é um favor ao STF, mas uma medida que não cabe, porque Moraes e nenhum magistrado cometeu crime de responsabilidade ou qualquer outro delito”, afirmou um integrante da Corte.