
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta quarta-feira (13) a decisão do governo dos Estados Unidos de suspender vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de autoridades brasileiras. Em discurso no Palácio do Planalto, Lula classificou a medida como “mau exemplo para a humanidade” e voltou a apontar o presidente norte-americano, Donald Trump, como responsável por um comportamento “inexplicável e inaceitável”.
As novas sanções incluem dois nomes ligados ao Programa Mais Médicos: Mozart Julio Tabosa Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, ex-assessor da pasta e ex-diretor da Organização Pan-Americana da Saúde. A justificativa apresentada pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, é a participação no envio de médicos cubanos ao Brasil, iniciativa criada no governo Dilma Rousseff (PT).
Lula comentou apenas a sanção aos ministros do STF, anunciada em julho, e disse que não foi informado previamente. Na ocasião, os EUA revogaram os vistos de Alexandre de Moraes, seus aliados na Corte e familiares, além do procurador-geral da República, Paulo Gonet. As medidas não atingiram André Mendonça, Kassio Nunes Marques e Luiz Fux.
O presidente associou a ação norte-americana à atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que mantém proximidade com Trump. “Nós sabemos o que nós perdemos com esta gente que governou o país, e agora estamos perdendo com eles fora do governo”, disse Lula, em referência à família Bolsonaro.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, responsável pela criação do Mais Médicos, defendeu o programa e afirmou que ele é “aprovado por quem mais importa: a população brasileira”. Nas redes sociais, comparou a iniciativa ao Pix, destacando que leva atendimento médico a regiões carentes e salva vidas.
As sanções ampliam a tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos, que desde julho trocam críticas públicas. O governo brasileiro afirma que continuará defendendo o Mais Médicos e que não cederá à pressão externa.