
O centro-sul do Brasil tem enfrentado um inverno mais rigoroso do que nos últimos anos. Desde o fim de maio, o país sente o efeito de massas de ar frio de origem polar, que causaram quedas acentuadas de temperatura e mantiveram o frio persistente. Até agora, 2025 já registra cinco ondas de frio, sendo a última entre os dias 8 e 13 de agosto.
Mesmo regiões acostumadas com noites frias, como Sul e o sul do estado de Minas, têm registrado temperaturas baixas que geram incômodo até entre quem aprecia o inverno. A sequência de lufadas polares ao longo dos últimos dois meses e meio confirma a previsão de um inverno mais frio do que o observado em 2024.
O Rio de Janeiro vive o inverno mais rigoroso em quase 20 anos, segundo levantamento do Inmet. Foram registrados 22 dias em que a temperatura máxima não passou de 25 °C, fenômeno que não ocorria desde 2006.
O contraste com o ano passado fica evidente nos mapas de anomalia de temperatura do Inmet. Enquanto em junho e julho do ano passado os tons de laranja e vermelho indicavam médias acima do normal, devido à influência do El Niño e águas oceânicas aquecidas, neste ano as frentes frias avançaram livremente do sul da América do Sul, mantendo temperaturas próximas ou abaixo da média histórica.
A anomalia negativa significa que a temperatura média registrada ficou abaixo do valor de referência, calculado pelo Inmet com base nos últimos 30 anos. Nas áreas em azul nos mapas de 2025, é possível perceber a extensão do frio no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, com média abaixo do esperado para a época.

Quando acaba o inverno?
Apesar do frio persistente, o inverno termina em 22 de setembro. Segundo meteorologistas, embora agosto traga dias de aquecimento acima da média, as ondas de frio ainda podem ocorrer, mantendo extremos de temperatura.
O padrão mais frio deste ano está diretamente ligado ao comportamento das águas do Oceano Pacífico. Em 2025, o Pacífico se encontra em neutralidade, sem El Niño nem La Niña, permitindo que massas polares circulem mais facilmente pelo continente. Esse cenário difere de 2023 e 2024, quando houve aquecimento do país e a intensidade do frio foi reduzida.
A neutralidade do Pacífico significa que não há aquecimento ou resfriamento anômalo nos oceanos, mantendo temperaturas dentro do esperado. Especialistas indicam que essa condição deve se manter até o início da primavera, o que indica que o inverno atual foge do padrão dos últimos anos.
Mesmo assim, o efeito das mudanças climáticas continua influenciando o clima. O Inmet observa que os últimos invernos têm sido progressivamente mais quentes e a persistência de temperaturas extremas é reflexo do aquecimento global, que desestabiliza a atmosfera e intensifica eventos climáticos.
O comportamento das estações do ano vem se tornando mais irregular, com possibilidade de ondas de calor, frio intenso, secas prolongadas ou chuvas concentradas em curto período. Fenômenos naturais, como El Niño ou La Niña, podem potencializar essas variações, tornando cada inverno imprevisível e mais intenso em determinadas regiões.