
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, propôs um acordo para encerrar a guerra na Ucrânia, oferecendo ficar com as regiões de Donetsk e Lugansk, atualmente ocupadas por forças russas. A proposta foi feita durante uma reunião com o presidente dos EUA, Donald Trump, na sexta-feira (15), segundo fontes citadas pela agência Reuters e pelo jornal The New York Times.
As regiões de Donetsk e Lugansk fazem parte do território conhecido como Donbass, no leste da Ucrânia, próximo à fronteira com a Rússia. A área é um dos principais focos do conflito desde 2014, com a presença ativa de grupos separatistas pró-Rússia.
Putin já havia declarado, antes mesmo da invasão de 2022, que considera o Donbass parte do território russo por questões históricas. Três dias antes do início oficial da guerra, o Kremlin reconheceu as duas regiões como “territórios independentes”.
Segundo fontes diplomáticas, o presidente russo sinalizou que está disposto a abrir mão de cerca de 20% do território ucraniano atualmente ocupado militarmente, caso o governo de Volodymyr Zelensky aceite ceder formalmente Donetsk e Lugansk à Rússia.
Essa seria, até o momento, a proposta mais concreta vinda da cúpula entre Putin e Trump, que terminou sem um acordo de cessar-fogo. Durante entrevista à Fox News, o republicano afirmou que Zelensky deveria aceitar a proposta porque “a Rússia é uma grande potência e eles [ucranianos], não”. “Faça o acordo. Você precisa fazer o acordo”, acrescentou ele, ao ser questionado sobre o que diria.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, ainda não comentou oficialmente sobre a proposta, mas tem reafirmado publicamente que não aceitará perder nenhum território ucraniano.
Em postagem na rede social X, Zelensky confirmou que irá se encontrar com Trump na segunda-feira (19), em Washington, D.C., e afirmou apoiar a proposta de uma reunião trilateral entre Ucrânia, EUA e Rússia.
“Apoiamos a proposta do presidente Trump para uma reunião trilateral entre Ucrânia, EUA e Rússia. A Ucrânia enfatiza que questões-chave podem ser discutidas diretamente entre os líderes, e o formato trilateral é adequado para isso”, afirmou.
Today, following a conversation with President Trump, we further coordinated positions with European leaders. The positions are clear. A real peace must be achieved, one that will be lasting, not just another pause between Russian invasions.
Killings must stop as soon as…
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) August 16, 2025
A reunião entre Putin e Trump, que durou cerca de três horas, ocorreu na base militar Elmendorf-Richardson, em Anchorage, Alasca. Foi o primeiro encontro entre os dois líderes desde 2018 e a primeira cúpula entre EUA e Rússia desde o início do conflito em fevereiro de 2022.
Com clima aparentemente amistoso, ambos trocaram elogios durante a coletiva de imprensa. Putin classificou o diálogo como “sincero e substancial” e disse que “as preocupações da Rússia devem ser levadas em conta” para que haja paz. “Esperamos que os acordos de hoje sirvam de ponto de partida para a restauração das relações entre nossos países”, declarou.
Após o encontro com Putin, Trump conversou por telefone com Zelensky e outros sete líderes europeus, incluindo:
- Friedrich Merz (Alemanha)
- Keir Starmer (Reino Unido)
- Giorgia Meloni (Itália)
- Alexander Stubb (Finlândia)
- Karol Nawrocki (Polônia)
- Emmanuel Macron (França)
Segundo Trump, o grupo está alinhado com a ideia de buscar um acordo de paz completo, e não apenas um cessar-fogo frágil.
De acordo com o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), a Rússia controla cerca de 20% do território ucraniano, incluindo Donetsk, Lugansk, partes de Zaporizhzhia e Kherson. Nenhum dos lados deu sinais claros de ceder militarmente até o momento.