
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem passado seus dias em prisão domiciliar assistindo a canais de notícias e jogos de futebol na televisão, segundo relatos de aliados que o visitaram recentemente. Sem acesso a celular ou computador por determinação judicial, Bolsonaro recebe visitas na parte interna de sua residência no Jardim Botânico, em Brasília, evitando áreas externas onde poderia ser fotografado ou filmado.
No último sábado (16), Bolsonaro realizou uma bateria de exames no Hospital DF Star, incluindo endoscopia, tomografia, ultrassonografia e ecocardiograma. O cirurgião Claudio Birolini, responsável por seu acompanhamento, afirmou que a prisão domiciliar tem afetado negativamente sua saúde.
“O fato de estar em casa prejudica um pouco a atividade física. Ele está submetido a uma pressão constante, é uma pessoa muito ativa, gosta de se comunicar, estar perto de gente. E ele está privado de tudo isso em função da prisão domiciliar. Obviamente isso influencia negativamente em todos os aspectos”, declarou o médico.
Os exames detectaram resíduos de duas infecções pulmonares recentes, possivelmente relacionadas a episódios de broncoaspiração, além de esofagite e gastrite em menor intensidade, mas que exigem tratamento contínuo. O ex-presidente deixou o hospital antes das 14h usando tornozeleira eletrônica, conforme determinação do STF, e deve apresentar o atestado médico em 48 horas.

Julgamento decisivo em setembro
Enquanto cumpre as medidas cautelares relacionadas a um inquérito sobre coação contra a Justiça brasileira nos Estados Unidos, Bolsonaro se prepara para um dos momentos mais críticos de sua trajetória judicial. O ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF, marcou para setembro o julgamento do ex-presidente e outros sete réus acusados de integrar o “núcleo 1” da tentativa de golpe de Estado investigada pela PGR.
As sessões ocorrerão nos dias 2, 3, 9, 10 e 12, em turnos matutinos e vespertinos, e podem definir novos rumos não apenas para Bolsonaro, mas também para aliados envolvidos nas acusações de tentativa de golpe de Estado. A defesa do ex-presidente trabalha em estratégias para contestar as provas apresentadas pela PGR, que incluem depoimentos e documentos sobre o suposto planejamento golpista.