
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentou a pressão sobre Volodymyr Zelensky na véspera de uma série de reuniões em Washington com líderes europeus. Em publicação no Truth Social no domingo à noite, Trump afirmou que o presidente ucraniano poderia “acabar com a guerra quase imediatamente” se aceitasse abrir mão da entrada da Ucrânia na Otan e da recuperação da Crimeia, anexada pela Rússia.
As declarações foram feitas horas antes do encontro agendado para esta segunda-feira na Casa Branca com os líderes do Reino Unido, Finlândia, França, Alemanha, Itália, União Europeia e Otan. A expectativa é de que Trump tente forçar Kiev a aceitar um acordo que favoreça Moscou.
“Zelensky pode acabar com a guerra com a Rússia quase imediatamente, se quiser, ou pode continuar lutando”, escreveu Trump. “Nada de recuperar a Crimeia, entregue sem um tiro há 12 anos, e nada de entrada da Ucrânia na Otan. Algumas coisas nunca mudam!”, acrescentou. Logo depois, disse que seria uma “grande honra” receber tantos líderes europeus ao mesmo tempo na Casa Branca.
As declarações provocaram apreensão entre diplomatas europeus, preocupados com a possibilidade de um novo desgaste público de Zelensky, como o ocorrido em fevereiro, quando Trump e o vice-presidente JD Vance o acusaram de ingratidão durante visita a Washington.
Zelensky desembarcou na capital norte-americana no domingo à noite e afirmou esperar que a “força compartilhada” entre EUA e Europa obrigue a Rússia a buscar a paz. “Sou grato ao presidente dos Estados Unidos pelo convite. Queremos encerrar esta guerra de forma rápida e duradoura”, disse o ucraniano em sua conta no Telegram.
Segundo a Casa Branca, Trump se reunirá com Zelensky às 13h15 (horário de Washington) no Salão Oval e, em seguida, encontrará os líderes europeus no Salão Leste, às 15h.
O encontro acontece em meio à difícil tarefa de Zelensky de reverter os efeitos da cúpula Trump-Putin realizada no Alasca na sexta-feira, amplamente vista como um triunfo do presidente russo e uma derrota para Washington. Trump negou a leitura da imprensa e disse ter feito “grandes progressos” com a Rússia, sem entrar em detalhes.
Os líderes europeus devem reafirmar nesta segunda-feira apoio à integridade territorial da Ucrânia e rejeitar qualquer proposta de troca territorial que beneficie a Rússia. Também querem discutir quais garantias de segurança os EUA oferecerão em caso de acordo.
Mikhail Ulyanov, embaixador russo em Viena, declarou nesta segunda-feira que Moscou concorda em oferecer garantias de segurança à Ucrânia, mas ressaltou que a Rússia também tem “direito igual” a receber garantias eficazes.
Em tom conciliador, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, elogiou os esforços de Trump para “acabar com a guerra ilegal da Rússia na Ucrânia”, mas reiterou as linhas vermelhas da Europa, dizendo que a paz não pode ser decidida sem a participação de Zelensky e defendendo novas sanções contra Moscou.
Já o enviado especial de Trump, Steve Witkoff, afirmou à CNN que Putin teria aceitado, pela primeira vez, a criação de um mecanismo de proteção conjunta dos EUA e Europa à Ucrânia, fora da estrutura da Otan, mas com efeito semelhante ao artigo 5º da aliança, que prevê defesa coletiva em caso de ataque.