
A relação historicamente harmoniosa entre a Embaixada dos Estados Unidos e o Supremo Tribunal Federal (STF) entrou em crise sem precedentes e não há previsão de retomada do diálogo. Durante anos, contatos frequentes e respeitosos marcaram a interação entre magistrados e representantes americanos, mas essa dinâmica mudou desde janeiro, com a posse de Donald Trump.
Segundo a coluna de Bela Megale no jornal O Globo, representantes americanos fizeram raros contatos com membros da Corte e os diálogos se resumiam a pedidos sobre os inquéritos ligados ao ataque golpista de 8 de janeiro e a tentativa de golpe de Estado, que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados.
Os ministros até tentaram fazer contato com os membros da Embaixada, mas não tiveram respostas. Membros do STF dizem que a falta de reciprocidade deixou evidente o esfriamento das relações.
Publicamente, a embaixada dos EUA passou a reproduzir e reforçar críticas dirigidas ao ministro Alexandre de Moraes e a outros magistrados, alinhando-se com ataques promovidos pelo governo Trump. Nos bastidores, o clima também se deteriorou, dificultando qualquer canal de comunicação que pudesse existir anteriormente.

A situação se agravou ainda mais com a aplicação da Lei Magnitsky em julho, que resultou em sanções financeiras contra Moraes. Esse movimento foi visto como um ponto de ruptura, e hoje o diálogo entre o STF e a representação americana é descrito como praticamente inexistente.
Fontes próximas à corte afirmam que os representantes dos EUA indicaram que não há intenção de reduzir o tom das críticas. Pelo contrário, o julgamento de Jair Bolsonaro, marcado para setembro, deve intensificar a tensão e, possivelmente, atingir novos ministros e familiares com medidas punitivas.
Em entrevista ao Washington Post, Moraes, alvo das sanções americanas, afirmou que o Supremo não pretende “recuar um milímetro”, mesmo com os ataques de Trump a ele e colegas da Corte.