
A escritora Lilia Guerra afirmou ter sido acusada pela pousada Garden Hotel Boutique Paraty de furtar um lençol e uma manta após participar da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) 2025. A autora diz que recebeu a cobrança dias depois de retornar a São Paulo, por meio de mensagem enviada pela organização do evento, afirmando que o estabelecimento “alegava que ela havia levado os itens”. Segundo Lilia, o contato sugeria que, se o furto tivesse ocorrido, ela apenas confirmasse para que a organização fizesse o pagamento do suposto prejuízo.
Lilia nega ter levado qualquer item e diz que procurou a pousada apenas para saber se havia esquecido um par de tênis no local. Ela relata ainda que a acomodação apresentava condições precárias e que havia pedido mais cobertas porque “estava muito frio”, após encontrar no quarto apenas uma manta fina.
“Não conseguia acreditar que estavam cogitando que eu pudesse ter furtado. Como eu poderia levar algo que nem caberia na minha mala?”, afirmou a escritora.

A autora, que palestrou na Flip, classificou o episódio como reflexo de racismo estrutural e questionou se um escritor branco passaria pelo mesmo constrangimento. Sem título ou valor dos itens especificados, Lilia recebeu da pousada a informação de que teriam sumido uma peseira e um cobertor, mas o estabelecimento negou que tenha feito acusação direta, dizendo que buscava apenas “confirmar se os itens poderiam ter sido levados para outro quarto”. Com informações do Globo.
A organização da Flip lamentou o episódio em nota e declarou “compromisso e solidariedade” à escritora.
Lilia, que mora na periferia de São Paulo e foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, disse que sua editora solicitou uma reunião com o evento para discutir a situação.
Segundo ela, o caso revela desigualdade no tratamento dado a autores negros em espaços culturais que se dizem plurais.