BlackRock diz que Brasil segue atraente para investidores mesmo com tarifaço

Atualizado em 19 de agosto de 2025 às 15:45
Axel Christensen, estrategista-chefe da BlackRock na América Latina. Foto: reprodução

Apesar do impacto das tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros, a BlackRock mantém uma visão otimista em relação ao Brasil. O olhar positivo da maior gestora de ativos do mundo está ancorado no protagonismo global da Inteligência Artificial (IA) e no potencial do país em áreas estratégicas como energia renovável, minerais críticos e infraestrutura.

Axel Christensen, estrategista-chefe de investimentos para a América Latina da BlackRock, avalia que o Brasil reúne condições favoráveis para atrair a instalação de data centers, considerados a espinha dorsal da nova revolução tecnológica.

“O Brasil tem uma posição favorável para ser um local de instalação de data centers, que consomem muita energia. Muitas empresas de tecnologia decidiram usar energia renovável para abastecer esses locais e o País tem várias condições para isso, incluindo energia nuclear”, afirmou.

Segundo ele, em entrevista ao Estadão, a demanda crescente por energia limpa e por minerais críticos deve gerar receitas relevantes e abrir espaço para investimentos robustos em infraestrutura.

A estratégia da BlackRock vai além do ciclo político brasileiro. Christensen destacou que o resultado das eleições de 2026 não altera a visão de longo prazo da gestora, embora possa influenciar o percurso.

Sede da BlackRock nos EUA. Foto: reprodução

“Essa é uma pergunta que recebo o tempo todo e em vários países. Sempre digo que ajustamos nossas estratégias de investimento conforme o resultado. Se o governo for mais focado em crescimento econômico, iremos nos adaptar a isso. Se priorizar o desenvolvimento da indústria local, ajustaremos também. Precisamos ser flexíveis e isso não é novidade. A história dos investimentos em mercados emergentes é feita de ajustes a mudanças políticas. O Brasil não é exceção”, afirmou.

O executivo ressaltou ainda que, mesmo diante das tensões comerciais com os Estados Unidos, o Brasil apresenta vantagens em relação a outros emergentes por ter uma base de exportações mais diversificada.

“Vocês têm uma base mais ampla. Há forte comércio com a Ásia, especialmente com a China, e está avançando nas relações comerciais com a Europa, inclusive com interesse em acelerar o acordo entre Mercosul e União Europeia. É claro que tarifas mais altas não são boas, mas o Brasil está em boa posição para se adaptar”, disse Christensen.

Ele lembrou, no entanto, que um real mais fraco frente ao dólar poderia gerar pressão inflacionária, dificultando a tarefa do Banco Central em cumprir a meta de inflação. Isso poderia levar a uma manutenção dos juros elevados por mais tempo, com impactos negativos sobre o crescimento econômico. Ainda assim, a BlackRock considera que o Brasil segue entre os países mais bem posicionados para atrair investimentos globais.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.