“Ratos oportunistas”: Centrão se articula para 2026 e abandona clã Bolsonaro

Atualizado em 20 de agosto de 2025 às 12:08
O ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, Flávio, Carlos, Eduardo e Jair Renan. Foto: Reprodução

O Centrão avalia alternativas para seu futuro político, enquanto Jair Bolsonaro enfrenta processo criminal e esvaziamento de capital político. O ex-presidente será julgado pela trama golpista em poucas semanas, cenário que acelera movimentações internas no bloco e faz com que o clã seja escanteado pelo bloco.

Segundo o UOL, o descolamento entre o Centrão e Bolsonaro já aparece nos bastidores.

O senador Ciro Nogueira (PP-PI), que atuou como ministro no governo do ex-presidente, reafirmou que defende a anistia, mas considera que a direita precisa avançar rapidamente. “Defendo que o mais rapidamente possível nós possamos definir um quadro que possa nos levar à vitória”, disse.

ACM Neto, do União Brasil, outro que muda de posição como troca de camisa, aponta que o caminho do Centrão será à direita, buscando uma candidatura de oposição ao governo Lula. A postura dos filhos de Bolsonaro, principalmente do vereador Carlos (PL-RJ), que chamou quatro governadores do bloco de “ratos oportunistas”, ajuda a afastar os políticos.

O deputado Eduardo (PL-SP), especialmente por sua articulação golpista nos Estados Unidos, tornou inviável qualquer aliança do Centrão com ele neste momento. Uma liderança do MDB afirmou: “Esse não tem condições”, descartando protagonismo para o deputado nas eleições de 2026.

Caciques defendem nomes mais equilibrados. Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) desponta como favorito para representar o bloco. Integrantes de Republicanos, União Brasil e PP já dão como certo o nome do governador na disputa presidencial, mas alertam que ele deve adiar o anúncio oficial.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o senador Ciro Nogueira (PP-PI). Foto: Estadão Conteúdo

Enquanto o bolsonarismo radicaliza, com motins de 30 horas e manifestações de rua, o Centrão se articula de forma pragmática. Governadores aliados já se reuniram para ajustar o discurso sobre o tarifaço sem confrontar diretamente os eleitores do ex-presidente.

O processo contra Bolsonaro e as críticas internas sugerem um deslocamento da liderança da direita. Apesar disso, o ex-presidente mantém a candidatura, com Flávio Bolsonaro afirmando que ele seguirá tentando até o último momento, como Lula em 2018.

Pré-candidatos ao Planalto do Centrão já se movimentam. Entre os nomes estão Tarcísio de Freitas, Ratinho Jr. (PSD-PR), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Romeu Zema (Novo-MG). Todos participam de agendas de pré-campanha, incluindo reuniões, eventos e articulações estratégicas para consolidar apoio político.

Ciro Nogueira projeta integrar a chapa presidencial como vice de Tarcísio ou, em alternativa, de Michelle Bolsonaro. Pesquisas recentes indicam que a ex-primeira-dama supera os filhos de Bolsonaro em intenção de voto, reforçando a viabilidade de sua candidatura presidencial.

Apesar de projetar enfrentar Lula, o Centrão mantém vínculos com o governo federal. Ministros da federação União Brasil-PP não devem deixar cargos, como Celso Sabino (Turismo) e André Fufuca (Esporte), que seguem planejando candidaturas ao Senado em 2026 enquanto permanecem na administração.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.