
O preço da carne usada em hambúrgueres nos Estados Unidos disparou nos últimos quatro meses, impactando consumidores e redes de restaurantes. Dados do Departamento de Agricultura (USDA) mostram que, entre abril e agosto, o lote de 45 quilos da carne mais usada para processados subiu de US$ 119 (cerca de R$ 650) para US$ 180 (R$ 985), uma alta de mais de 50%.
O aumento ocorreu após a decisão do presidente Donald Trump de impor tarifas globais de 10% sobre importações em abril, medida que foi ampliada para 50% sobre a carne brasileira em agosto. O impacto afetou diretamente o mercado americano, que já enfrenta queda na produção doméstica e maior dependência de fornecedores externos.
No mesmo período, a carne moída comum passou de US$ 260 (R$ 1,4 mil) para US$ 371 (R$ 2 mil) por lote, um aumento de 43%. Os cortes de maior qualidade também ficaram mais caros, passando de US$ 339 (R$ 1,85 mil) para US$ 404 (R$ 2,2 mil). Já as carnes classificadas como “Select”, de padrão intermediário, subiram de US$ 318 (R$ 1,7 mil) para US$ 377 (R$ 2 mil).
Esses preços, negociados no atacado, afetam grandes compradores, como supermercados, distribuidores e redes de fast food. A alta contrasta com a inflação média acumulada em 12 meses nos EUA, que está em 2,7%.

Analistas afirmam que o cenário pressiona margens do setor alimentício e encarece um dos principais símbolos da culinária americana: o hambúrguer.
O Brasil, principal exportador mundial de carne bovina, sofreu queda brusca nas vendas para os EUA após o tarifaço. Em abril, o país havia exportado 44,2 mil toneladas da proteína, no valor de US$ 229 milhões (R$ 1,25 bilhão). Em julho, o volume caiu para 12 mil toneladas e US$ 70 milhões (R$ 380 milhões), uma redução de 70%. Nesse intervalo, o México ultrapassou os EUA como destino.
Para reduzir perdas, frigoríficos brasileiros intensificaram a busca por novos mercados. Uma comitiva de empresas do setor esteve recentemente no Vietnã, país que abriu suas portas à carne brasileira e avalia habilitar 86 frigoríficos para exportação. A medida é vista como estratégica para compensar a retração nas vendas aos EUA.
Por conta da dependência do mercado americano, a Meat Import Council of America (Mica) enviou uma carta a Trump pedindo uma revisão do tarifaço. Ele aponta que a produção doméstica é limitada.