
A Polícia Federal enviou ao Supremo Tribunal Federal um relatório indiciando o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos por difamação, injúria, desobediência e incitação ao crime. Os investigadores afirmam que ele utilizou a internet e múltiplos perfis para desrespeitar decisões judiciais, atacar jornalistas e fomentar a polarização política.
Segundo o documento, Allan dos Santos usou “múltiplos perfis” nas redes sociais para “sistematicamente desrespeitar decisões do Supremo Tribunal Federal, cometer crimes contra a honra de uma jornalista e incitar a desordem, o que contribui para a animosidade entre os Poderes e a polarização política”.
A corporação relatou ter reunido dados de postagens do blogueiro que demonstraram “a natureza pejorativa e conspiratória dos conteúdos”. “A investigação criminal aponta com grande certeza para o indiciamento de Allan Lopes dos Santos pelos crimes de difamação, injúria, desobediência e incitação ao crime”, prossegue o relatório.
Os investigadores ainda apontam que “as manifestações de Allan dos Santos possuem a finalidade de incitar, publicamente, a prática de crimes por terceiros”. As análises indicam que suas publicações defendem teorias da conspiração, questionam o sistema eleitoral e atacam figuras e instituições da República.

O relatório cita manipulação de conteúdos e uso de mensagens falsas. Entre os exemplos, está a criação de supostos diálogos envolvendo uma jornalista, nos quais ela teria dito que existia um plano do ministro Alexandre de Moraes, do STF, para prender o ex-presidente Jair Bolsonaro. A PF afirma que as mensagens eram forjadas e utilizadas para desacreditar instituições.
Outro ponto citado foi a criação sistemática de novos perfis para burlar ordens judiciais de bloqueio. Para os investigadores, esses indícios formam “um robusto conjunto de autoria e materialidade” dos crimes atribuídos ao blogueiro.
Allan dos Santos está foragido nos Estados Unidos desde 2021, quando teve a prisão preventiva decretada por Moraes no inquérito das fake news. Ele também é acusado de lavagem de dinheiro, organização criminosa e incitação ao crime em outro inquérito que tramita na Corte.