Bolsonaristas forçam cassação de vereadora por festa já planejada antes da prisão de Jair

Atualizado em 20 de agosto de 2025 às 16:15
A vereadora Brisa Bracchi (PT) e o cartaz que divulgava a festa. Foto: Reprodução

A Câmara Municipal de Natal aprovou nesta terça (19) a abertura de um processo de cassação contra a vereadora Brisa Bracchi (PT). A decisão foi tomada após pedido do vereador Matheus Faustino (União), que a acusa de ter usado recursos públicos para financiar um evento cultural intitulado “Rolê Vermelho – Bolsonaro na cadeia”, realizado no último dia 9.

O pedido foi aprovado por ampla maioria (23 votos a favor e apenas 3 contrários) e Faustino acusa a vereadora de destinar R$ 18 mil de emendas impositivas para pagar duas bandas e um DJ que se apresentaram no evento.

Ele afirma que a festa teve “caráter político-partidário” e serviu como “promoção pessoal” de Brisa, uma vez que coincidiu com a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada em 4 de agosto.

Apesar disso, os registros oficiais mostram que o evento foi anunciado em 18 de julho, quase duas semanas antes da decisão do STF. A defesa da vereadora ressalta que os recursos foram solicitados à Funcarte em 22 e 23 de julho, com a finalidade formal de apoiar “festas tradicionais e festejos populares do município”.

Pulseira distribuída ao público no evento. Foto: Reprodução

Com a repercussão do caso, os três artistas beneficiados anunciaram que abrirão mão dos cachês, que ainda não haviam sido pagos. A vereadora recebeu apoio de instituições culturais, artistas e políticos que enxergam na denúncia uma forma de perseguição política, sobretudo pela predominância de vereadores alinhados a Bolsonaro na Câmara.

Em sua defesa, Brisa negou que a festa tivesse viés partidário. “Mas foi um evento sem qualquer relação com partido, sem propaganda alguma: não teve bandeira, nada disso. Eu fui lá, mas não fiz fala, não subi ao palco”, afirmou.

Para ela, o processo tem motivações políticas e parte de um vereador que, desde o início da legislatura, a trata de forma hostil. Brisa também argumentou que não foi questionada por órgãos de controle, como o Ministério Público ou o Tribunal de Contas.

“Esse pedido na Câmara é muito mais político que jurídico. Vem de um vereador que desde o início da legislatura disse que tinha como objetivo fazer nosso mandato perder força”, prosseguiu.

Brisa relatou que alguns parlamentares a procuraram após a votação para dizer que aprovaram a abertura do processo apenas para permitir investigação diante da repercussão, mas anteciparam que não apoiarão a cassação. Outros cogitam penalidades mais brandas, como suspensão ou advertência.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.