
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, alvo das sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos, afirmou em entrevista à Reuters nesta quarta-feira (20/8) que aguarda uma mudança de postura do presidente Donald Trump para que as medidas sejam revertidas. Segundo ele, há falta de consenso dentro da administração norte-americana sobre a legalidade da decisão.
“É plenamente possível uma impugnação judicial (nos Estados Unidos) e até agora não encontrei nenhum professor ou advogado brasileiro ou norte-americano que ache que a Justiça não iria reverter. Mas, nesse momento, eu aguardo — e foi uma opção minha — aguardar a questão diplomática do país, Brasil e Estados Unidos”, disse Moraes.
O ministro declarou confiar que a via diplomática poderá restaurar sua imagem em Washington e atribuiu o desgaste atual a uma campanha de aliados de Jair Bolsonaro, incluindo seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O deputado é investigado por ter se mudado para os EUA com o objetivo de buscar a interferência de Trump em processos que envolvem o ex-presidente perante o STF. “A hora que essas informações forem corretamente passadas — e isso vem sendo feito agora, e os dados de forma documentada chegarem às autoridades norte-americanas — eu acredito que não vai nem ser necessário nenhuma ação judicial para reverter. Eu acredito que o próprio Poder Executivo dos Estados Unidos, o presidente, vai reverter”, afirmou.
Questionado sobre essa confiança, Moraes citou divisões internas no governo norte-americano. “Houve uma relutância na Secretaria de Estado e uma grande relutância na Secretaria do Tesouro. Então, a partir disso, com as informações mais corretas, eu acredito que ambos os departamentos vão fazer chegar ao presidente (Donald Trump) com essa finalidade”, disse, sem detalhar a origem dessas informações.
Um funcionário do Departamento de Estado, ouvido separadamente pela Reuters sob condição de anonimato, confirmou que houve resistência interna. “O que fizeram com Moraes é completamente, legalmente inapropriado”, disse a fonte. “Na verdade, o OFAC (Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros) do Tesouro inicialmente disse não, que não era apropriado de forma alguma.”