
Em reviravolta nos bastidores do Congresso Nacional, o senador Carlos Viana (Podemos-MG) foi eleito presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará desvios na aposentadoria de idosos. A votação realizada nesta quarta-feira (20) resultou em 17 votos a favor de Viana contra 14 do senador Omar Aziz (MDB-AM), candidato apoiado pelo governo Lula (PT).
A eleição surpreendeu analistas políticos, que consideravam certa a vitória de Aziz, indicado pelo presidente do Senado Davi Alcolumbre (União-AP). O líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), admitiu falha na articulação governista: “Houve uma subestimação [da oposição], podíamos ter tido uma mobilização, mais atenção. Houve um erro”.
Quem é Carlos Viana
O senador bolsonarista de 62 anos é jornalista de formação, com especialização em gestão estratégica de marketing. Natural de Braúnas (MG), foi eleito ao Senado em 2018 com 3,57 milhões de votos, ficando atrás apenas de Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Em seu mandato, destacou-se como crítico do governo Lula e defensor das posições do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O perfil político de Viana é marcado por frequentes mudanças partidárias. Eleito pelo PHS (incorporado ao Podemos), migrou para o PSD em 2019, depois para o MDB em 2021 e em seguida para o PL, partido de Bolsonaro. Após fracassar na tentativa de se eleger governador de Minas Gerais em 2022, com apenas 7,2% dos votos, retornou ao Podemos em fevereiro de 2023.

Recentemente, Viana ganhou visibilidade ao viajar aos Estados Unidos para negociar com parlamentares estadunidenses sobre as tarifas impostas por Donald Trump ao Brasil. Também se posicionou como defensor do governo sionista de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, criticando as declarações de Lula sobre o genocídio em Gaza.
A CPMI do INSS foi criada em junho para apurar esquema de desvios em benefícios previdenciários que, segundo a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União, pode chegar a R$ 6,3 bilhões.
A comissão terá 32 parlamentares titulares (16 deputados e 16 senadores) e prazo de até 180 dias para concluir os trabalhos, com orçamento estimado em R$ 200 mil.