O vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou nesta quarta (20) um alívio parcial nas tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros que utilizam aço e alumínio em sua composição. A medida foi oficializada após decisão do Departamento de Comércio americano, que enquadrou essas exportações na Seção 232 do Ato de Expansão Comercial.
Alckmin, que também ocupa o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, fez o anúncio após reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). O encontro teve como pauta projetos de interesse do comércio exterior brasileiro e a busca por soluções para reduzir os impactos do tarifaço aplicado por Washington.
“Isso melhora nossa competitividade na área industrial”, afirmou o vice-presidente. Com a mudança, os itens derivados de aço e alumínio passam a pagar a mesma tarifa aplicada a outros países, reduzindo a desvantagem enfrentada pelas exportações brasileiras.
Alckmin destacou que máquinas, equipamentos e motocicletas estão entre os produtos mais beneficiados.
“Fizemos a conta e dá US$ 2,6 bilhões [cerca de R$ 14 bilhões] de inserção de aço e alumínio nas exportações brasileiras, de US$ 40 bilhões [R$ 220 bilhões], ou seja, 6,4% das exportações saem dos 50% e vão para a sessão do 232, o que torna igual nossa competitividade com o resto do mundo. Isso vai dar uma melhor na competitividade industrial”, disse.
O tarifaço foi anunciado pelo presidente Donald Trump no início de agosto, elevando em 40 pontos percentuais as alíquotas de importação, o que levou a taxa total a 50% para diversos produtos brasileiros, incluindo café, carne bovina e frutas como manga, uva e açaí. A decisão foi justificada por Washington como uma medida de proteção à segurança nacional.
Apesar da medida, os EUA pouparam alguns itens considerados estratégicos. Ficaram de fora da sobretaxa aeronaves civis e peças, veículos de passageiros, smartphones, fertilizantes, petróleo, gás natural, suco de laranja, ouro, prata, alumina, ferroníquel, castanha-do-brasil, livros, filmes e obras de arte.
Setores agrícolas e de proteína animal devem sofrer perdas devido à ampliação das barreiras de entrada no mercado americano. O alívio concedido no caso do aço e do alumínio é visto como um passo importante, mas insuficiente para compensar os danos.