
Silas Malafaia sempre se apresentou como alguém acima da lei. Por ser um “homem de Deus”, achava-se intocável — como sua parceira Carla Zambelli, hoje presa na Itália com, entre outras, uma assassina e uma cigana golpista.
A sensação de impunidade, os ataques a Alexandre de Moraes, o ódio como evangelho, a histeria, a ostentação de quem rouba os humildes — tudo isso marcou a trajetória do sujeito, grande aliado de Jair Bolsonaro.
Nesta quarta-feira (20), porém, a realidade se impôs: ele foi alvo de mandado de busca e apreensão da Polícia Federal, teve o celular confiscado, o passaporte retido e agora está proibido de deixar o país.
A operação, autorizada pelo STF, apura tentativa de obstrução de Justiça no processo que investiga a trama golpista. Segundo a Procuradoria-Geral da República, Malafaia atuava como conselheiro e incentivador de ações ilegais de Jair Bolsonaro e do deputado Eduardo Bolsonaro, buscando interferir diretamente no curso da ação penal.
A proximidade com o núcleo bolsonarista o levou a cruzar a linha que separa militância política de conluio criminoso contra a democracia.
A maneira como o pastor atacava instituições e intimidava adversários encontrou eco em palavras da Bíblia que ele vomitava: “a soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda” (Provérbios 16:18).
Sua condição de investigado, agora sob restrições impostas pela Justiça, é um lembrete de que a lei alcança todos, inclusive aqueles que se imaginavam protegidos por sua influência política e religiosa. Em breve ele acertará as contas com Deus, também.
A prisão de figuras que se colocam acima das regras traz efeitos benéficos ao país. Demonstra que a democracia brasileira possui mecanismos de defesa contra quem tenta subvertê-la e que o uso da fé como escudo para práticas ilegais não prevalecerá.
Malafaia na cadeia é um Brasil melhor. Sonhar não custa nada.