Moraes dá 48h para Bolsonaro explicar pedido de asilo à Argentina

Atualizado em 20 de agosto de 2025 às 20:16
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em montagem de fotos
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) – Reprodução

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu prazo de 48 horas para Jair Bolsonaro explicar um documento encontrado pela Polícia Federal em seu celular, com informações do repórter Renato Silva. O texto, segundo os investigadores, formalizaria um pedido de asilo político urgente ao presidente da Argentina, Javier Milei, e reforça suspeitas de que o ex-mandatário planejava fugir do país.

O arquivo foi localizado durante a análise do smartphone de Bolsonaro, apreendido no âmbito da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado. A PF indiciou o ex-presidente e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por tentativa de obstrução de Justiça, citando conversas e registros que apontam articulação para intimidar autoridades e dificultar o andamento das apurações.

De acordo com o relatório entregue ao STF, o documento estava em formato editável, sem data e sem assinatura, mas trazia argumentos de perseguição política e citava tratados internacionais de direitos humanos para embasar o pedido de asilo. O texto solicitava a proteção do governo argentino em regime de urgência, alegando risco à vida de Bolsonaro e iminência de prisão decretada no Brasil.

Documento encontrado pela Polícia Federal no celular de Bolsonaro. Foto: Reprodução

Os metadados do arquivo mostram que ele foi criado em 10 de fevereiro de 2024 e modificado dois dias depois, quatro dias após a Polícia Federal apreender o passaporte do ex-presidente. O criador aparece identificado como “Fernanda Bolsonaro”, associado a Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, nora do ex-presidente e esposa do senador Flávio Bolsonaro.

Documento encontrado pela Polícia Federal no celular de Bolsonaro. Foto: Reprodução

O relatório aponta que a carta poderia ser acionada como instrumento de fuga após a deflagração da Operação Tempus Veritatis, que apura a tentativa de golpe. Em dezembro de 2023, Bolsonaro já havia informado ao STF que viajaria para a Argentina poucos dias depois da apreensão de seu passaporte, movimento que agora ganha novo peso para os investigadores.

Além do rascunho do pedido de asilo, a PF extraiu mensagens e áudios do celular de Bolsonaro. Entre eles, conversas apagadas com o pastor Silas Malafaia e com Eduardo Bolsonaro, apontadas como parte de uma estratégia para pressionar e constranger integrantes do Supremo Tribunal Federal.

Silas Malafaia também foi alvo da operação desta quarta-feira (20). Agentes apreenderam seu celular e passaporte ao desembarcar no Rio de Janeiro, vindo de Lisboa. O pastor foi levado a depor e, segundo a PF, atuava como “orientador” político de Bolsonaro e de seu filho nas articulações contra o Judiciário.

Com as novas evidências, o STF deve avaliar se Bolsonaro violou as condições da prisão domiciliar que cumpre atualmente. Enquanto isso, Moraes manteve o prazo de 48 horas para que o ex-presidente apresente explicações sobre o documento, apontado como prova de que planejava abandonar o país para escapar das investigações.