PF revela mensagem de Eduardo a Bolsonaro: “Se anistia light passar, EUA não vão ajudar”

Atualizado em 20 de agosto de 2025 às 20:14
Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro. Foto: Divulgação

A Polícia Federal revelou novas mensagens que reforçam as suspeitas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia. De acordo com relatório entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), os três foram indiciados nesta quarta-feira (20) por coação a autoridades no curso da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023.

Entre as provas apresentadas, consta uma troca de mensagens em que Eduardo Bolsonaro escreve ao pai, no dia 7 de julho de 2025, alertando sobre o impacto de uma eventual aprovação da chamada “anistia light”. “Se a anistia light passar, a última ajuda vinda dos EUA terá sido o post do Trump. Eles não irão mais ajudar”, escreveu o parlamentar.

Na sequência, completou: “Temos que decidir entre ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia OU enviar o pessoal que esteve num protesto que evoluiu para uma baderna para casa num semiaberto.”

As mensagens foram recuperadas pela PF a partir do celular do ex-presidente, dentro da Petição 14.129/DF, que apura a tentativa de golpe e a abolição violenta do Estado democrático de direito. O diálogo ocorreu logo após Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, publicar em sua rede Truth Social que Bolsonaro estaria sendo vítima de perseguição.

Mensagem de Eduardo Bolsonaro para Jair Bolsonaro, acessada pela Polícia Federal. Foto: Reprodução

De acordo com os investigadores, o objetivo do deputado ao tratar da anistia não era defender os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, mas assegurar condições de impunidade ao próprio pai. O relatório também aponta que foram recuperados áudios e conversas de Bolsonaro com Eduardo e Malafaia, que haviam sido apagados, mas estavam armazenados em backup.

Esses registros, segundo a PF, comprovam articulações para pressionar autoridades e interferir nas investigações em andamento no Supremo. “As condutas revelam tentativa de embaraço ao andamento da ação penal e de intimidação a membros do Poder Judiciário”, escreveu a corporação no relatório.

No caso de Malafaia, os investigadores detalharam que ele mantinha contato frequente com Bolsonaro mesmo após restrições impostas pelo STF. Em 25 de julho, menos de uma hora após ativar um novo celular, o pastor enviou mensagens pedindo que o ex-presidente divulgasse vídeos em suas redes.

“ATENÇÃO! Dispara esse vídeo às 12h”, escreveu em uma das mensagens. Em outra, incentivou apoiadores a compartilharem o material: “Se você se sente participante desse vídeo, compartilhe. Não podemos nos calar!”

Já em relação a Eduardo, o relatório aponta que o deputado passou a usar suas redes sociais para publicar conteúdos em inglês, com o objetivo de alcançar público internacional e influenciar a narrativa fora do país. “O parlamentar licenciado buscou interferir e embaraçar o regular andamento da AP 2668/DF, além de coagir autoridades públicas brasileiras”, descreve o documento.

A PF sustenta que a atuação conjunta de Bolsonaro, Eduardo e Malafaia foi planejada para criar pressão política, mobilizar a base bolsonarista e transmitir a imagem de perseguição internacional contra o ex-presidente. Caberá agora à Procuradoria-Geral da República avaliar se os elementos reunidos justificam o oferecimento de denúncia formal ao STF.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.