O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) estar em contato com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O diálogo foi localizado no celular de Bolsonaro e incorporado ao documento que indiciou pai e filho sob suspeita de obstrução do julgamento da trama golpista. A informação está no relatório da Polícia Federal divulgado na noite desta quarta (20).
A conversa ocorreu em 27 de junho, quando Eduardo enviou três imagens ao pai. O conteúdo não foi recuperado, mas o deputado perguntou se poderia compartilhar os arquivos. Bolsonaro negou e recomendou: “Esqueça qualquer crítica ao Gilmar”, em referência ao ministro Gilmar Mendes, com informações da Folha.
Na sequência, Bolsonaro escreveu que mantinha diálogo com integrantes da Corte. “Tenho conversado com alguns do STF. Todos ou quase todos demonstram preocupação com sanções”, disse. A defesa do ex-presidente não se manifestou até a publicação.
O relatório da PF considerou a instrução de Bolsonaro ao filho parte das tentativas de influenciar o julgamento em andamento no Supremo. Para os investigadores, a conversa reforça a linha de apuração sobre interferência nas ações penais da Corte.
O episódio aconteceu dias antes de o presidente Donald Trump anunciar, em 9 de julho, a elevação para 50% da sobretaxa sobre produtos brasileiros, medida celebrada por aliados de Bolsonaro nos Estados Unidos.
De acordo com a PF, Bolsonaro e Eduardo seguiram articulando politicamente mesmo após a adoção de medidas cautelares pelo STF. Ambos foram indiciados sob acusação de tentar obstruir o avanço das investigações ligadas à tentativa de golpe de Estado.