Malafaia ataca Moraes após ser ouvido pela PF: “Vai ter que me prender para me calar”

Atualizado em 20 de agosto de 2025 às 23:53
Malafaia dando entrevista após depoimento à PF. Foto: Divulgação

O pastor Silas Malafaia voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), depois de prestar depoimento à Polícia Federal na noite desta quarta-feira (20). Ele foi alvo de um mandado de busca pessoal e de apreensão de celulares no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro.

A medida foi autorizada pelo STF no inquérito que investiga suposta coação contra autoridades responsáveis pelo processo da tentativa de golpe de Estado, em que Jair Bolsonaro e ex-integrantes do governo figuram como réus. Ao deixar o local, Malafaia foi recebido por apoiadores e fez duras críticas ao ministro.

“Estamos diante de um criminoso chamado Alexandre de Moraes, que venho denunciando há quatro anos em mais de 50 vídeos. Ele estabelece o crime de opinião no estado democrático de direito. Onde é que você é proibido de conversar com alguém? Que país é esse, que democracia é essa?”, afirmou em frente às câmeras.

O pastor também negou que tenha orientado o deputado Eduardo Bolsonaro em mensagens que constam no inquérito. Segundo ele, as acusações são falsas e se baseiam em vazamentos seletivos.

“Orientado em quê? Quem sou eu pra orientar Eduardo Bolsonaro? Conversa com ele. Estão vazando? Quer dizer que a polícia Gestapo de Alexandre de Moraes vaza as coisas antes de eu saber? Que país é esse, que vaza conversas minhas particulares como se eu instruísse Eduardo Bolsonaro?”, questionou.

Malafaia reconheceu que criticou o deputado em algumas ocasiões, mas disse que isso não configura crime. “A posição de Eduardo é dele. Eu apenas comento, de vez em quando eu meto o pau: ‘tá errado, não é assim que se fala, não tem que esconder nada’. Tá errado”, declarou. Em outro momento, reforçou que não pretende recuar. “Vai ter que me prender pra me calar”, concluiu.

Além da apreensão de celulares, o pastor foi alvo de medidas cautelares determinadas pelo STF. Ele está proibido de deixar o país e de manter contato com outros investigados do processo. As restrições foram solicitadas pela Polícia Federal e tiveram parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR).

De acordo com o procurador-geral Paulo Gonet, a atuação de Malafaia foi considerada relevante dentro do esquema investigado. No parecer enviado ao Supremo em 15 de agosto, ele afirmou que o pastor “aparece como orientador e auxiliar das ações de coação e obstrução promovidas pelos investigados Eduardo Nantes Bolsonaro e Jair Messias Bolsonaro”.

O documento da PGR acrescenta que “impõe-se concluir que estão associados no propósito comum, bem como nas práticas dele resultantes, de interferir ilicitamente no curso e no desenlace da Ação Penal n. 2668, em que o ex-presidente figura como réu”. O processo se refere à acusação de tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Segundo a PF, Malafaia foi abordado no momento em que desembarcava de um voo vindo de Lisboa. Ele foi conduzido às dependências do aeroporto, onde prestou depoimento por várias horas. As conversas apreendidas em seu celular já estão sendo analisadas e devem ser incorporadas ao relatório final da investigação.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.