A Polícia Federal (PF) citou Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, esposa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), no relatório final que revelou o pedido de asilo político de Jair Bolsonaro (PL) ao presidente ultradireitista da Argentina, Javier Milei.
O documento faz parte do inquérito que indiciou Jair e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação e obstrução de Justiça e resultou em busca e apreensão contra o pastor Silas Malafaia.
Nas páginas 161 e 162 do relatório, os investigadores apontam a existência de um arquivo em formato .docx encontrado no celular de Bolsonaro, modificado em 12 de fevereiro de 2024, dois dias após ele entregar o passaporte à PF.
“Durante a análise do material apreendido, foi identificado um arquivo de texto no formato .docx, com última modificação em 12.02.2024, cujo conteúdo revela que JAIR MESSIAS BOLSONARO praticou atos para obter asilo político na Argentina. Embora se trate de um único documento em formato editável, sem data e assinatura, seu teor revela que o réu, desde a deflagração da operação Tempus Veritatis, planejou atos para fugir do país, com o objetivo de impedir a aplicação da lei penal”, afirma a PF.
O relatório cita Fernanda como “criador e último autor do documento”: “O criador e último autor do documento remete ao usuário FERNANDA BOLSONARO. Nesse sentido, é possível que o usuário em questão esteja vinculado à pessoa de FERNANDA ANTUNES FIGUEIRA BOLSONARO, nora do ex-presidente e esposa do senador FLÁVIO NANTES BOLSONARO”.
No conteúdo da carta, de 33 páginas, Bolsonaro também alega sofrer perseguição no Brasil: “De início, devo dizer que sou, em meu país de origem, perseguido por motivos e por delitos essencialmente políticos. No âmbito de tal perseguição, recentemente, fui alvo de diversas medidas cautelares. Para decretação de tais medidas foram mencionados os delitos dos Arts. 359-I e 359-M do Código Penal brasileiro”, escreveu.
A PF destaca ainda que Bolsonaro já havia avisado ao ministro Alexandre de Moraes, em 5 de dezembro de 2023, que viajaria para a Argentina entre os dias 7 e 11 de dezembro, período em que esteve presente na posse de Javier Milei acompanhado de Eduardo Bolsonaro e outros aliados.
“Os elementos informativos encontrados indicam, portanto, que o ex-presidente JAIR BOLSONARO tinha em sua posse documento que viabilizaria sua evasão do Brasil em direção à República Argentina, notadamente após a deflagração de investigação pela Polícia Federal com a identificação de materialidade e autoria delitiva quanto aos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito por organização criminosa”, conclui o relatório.