Comandante do Exército cita Caxias e manda recado: “Minha espada não tem partido”

Atualizado em 21 de agosto de 2025 às 12:36
O comandante do Exército, general Tomás Paiva. Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

O comandante do Exército, general Tomás Paiva, exaltou nesta quinta (21) o legado de Duque de Caxias durante a cerimônia do Dia do Soldado, em Brasília. Ele afirmou que a Força se inspira no patrono para reafirmar a imparcialidade e o compromisso com o país.

“Sua espada foi empunhada em prol de um único lado: o da pátria, pois, conforme o próprio declarou: ‘Minha espada não tem partido’ […] [Caxias] ensinou-nos, ainda, que a força do Exército reside na fé, na coesão, na disciplina, na imparcialidade e no compromisso com o bem comum”, declarou o general.

Tomás Paiva disse que Caxias está ligado à dignidade humana e à busca pela união nacional. “Em sua longa trajetória na busca da unificação nacional, debelou revoltas internas sem triunfalismos, respeitou os vencidos como irmãos e tratou todos, aliados e adversários, com dignidade e humanidade”, afirmou.

O comandante lembrou ainda uma das mensagens deixadas pelo patrono do Exército. “Após a capitulação de Oribe, [Caxias] escreveu em sua ordem do dia: ‘A verdadeira bravura do soldado é nobre, generosa e respeitadora dos princípios da humanidade’. Essas palavras de Caxias, o pacificador, permanecem vivas, orientando a conduta de todos os militares”, completou.

A solenidade ocorreu em frente ao QG do Exército e contou com a presença de autoridades como o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o vice-presidente do STF, ministro Edson Fachin. Os discursos do Dia do Soldado, tradicionalmente, buscam reforçar mensagens de pacificação e unidade nacional.

Jair Bolsonaro, então presidente, durante cerimônia de formação de oficiais do Exército na AMAN (Academia das Agulhas Negras), em Resende (RJ), em novembro de 2022. Foto: Eduardo AnizelliFolhapress

Neste ano, o evento teve como pano de fundo as crises políticas acirradas pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e pelos pedidos de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. A cerimônia também coincidiu com esforços internos do Exército para reorganizar sua estrutura e lidar com as marcas deixadas pela participação de militares em episódios ligados à tentativa de golpe.

Dentro desse processo, o Comando de Operações Especiais determinou mudanças no curso dos chamados “kids pretos”, com a inclusão de disciplinas de ética profissional e liderança. A medida foi apresentada como resposta ao desgaste institucional após os inquéritos conduzidos pela Polícia Federal.

Encerrando o discurso, Tomás reforçou o ideal de abnegação da carreira militar. “O verdadeiro soldado, tal qual Caxias, sabe que o reconhecimento e a popularidade são efêmeros. Vive uma vida modesta, espartana e sem ambições, tendo a abnegação e o desprendimento como companhia. Seu farol é a lei e a ética”, concluiu.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.