
A Polícia Federal listou mensagens, transferências bancárias e documentos como provas de que o ex-presidente Jair Bolsonaro tentou coagir o Supremo Tribunal Federal (STF). Ele e seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foram indiciados por tentar atrapalhar a ação penal sobre a trama golpista.
Segundo os investigadores, Bolsonaro enviou recursos ao filho para financiar sua atuação no exterior. Eduardo, que vive nos Estados Unidos desde fevereiro, mantinha encontros com aliados do governo de Donald Trump em busca de sanções contra autoridades brasileiras.
Entre janeiro e abril, o ex-presidente fez seis transferências que somaram R$ 111 mil, seguidas por um repasse único de R$ 2 milhões em maio.
Mensagens revelam que Eduardo relatava reuniões e antecipou que a aplicação da “Lei Magnitsky no Moraes está muito muito próxima”. Duas semanas depois, os EUA puniram o ministro Alexandre de Moraes, bloqueando contas e bens. Em outro diálogo, o deputado afirmou que, se uma “anistia light” fosse aprovada no Congresso, o apoio americano ao pai cessaria.

O relatório da Polícia Federal também cita conversas entre Bolsonaro e o advogado Martin De Luca, ligado à Rumble e à Trump Media & Technology Group, que processam Moraes nos EUA. O ex-presidente pediu orientação sobre declarações públicas e recebeu documentos jurídicos relacionados ao caso.
Outro indício foi um rascunho encontrado na sede do PL com perguntas estratégicas, como “Se você não concorrer em 2026, qual será sua estratégia política?”. Para a PF, o material configurava uma “entrevista” conduzida por advogado estrangeiro com foco em cenários eleitorais.
Em nota, Eduardo disse que sua atuação nos EUA buscava defender “liberdades individuais”, negou ter interferido em processos brasileiros e chamou o indiciamento de “delirante”. “É lamentável e vergonhoso ver a PF tratar como crime o vazamento de conversas privadas, absolutamente normais, entre pai e filho e seus aliados”, afirmou.
O deputado ainda ironizou a investigação, dizendo: “Se meu crime for lutar contra a ditadura brasileira, declaro-me culpado de antemão”. Apesar da defesa, a PF sustenta que os indícios mostram uma estratégia organizada para obter apoio estrangeiro e enfraquecer o Judiciário.