
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou em entrevista à GloboNews que as ameaças do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não alterarão sua maneira de agir. O parlamentar, que está nos Estados Unidos desde fevereiro, ameaçou Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), com sanções estadunidenses caso não pautassem projetos de anistia e pedidos de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Eu não levo muito em consideração essas ameaças, porque – primeiro – não funciono sob ameaça. Então, para mim, isso não altera nem o meu humor, nem a minha maneira de agir”, afirmou Motta.
O presidente da Câmara acrescentou que “o deputado Eduardo Bolsonaro será tratado como todo e qualquer deputado, obedecendo ao regimento da casa. Nem haverá privilégio, nem também haverá o interesse de prejudicar”.
EXCLUSIVO – O presidente da Câmara, Hugo Motta, afirmou que o deputado Eduardo Bolsonaro será tratado como qualquer outro parlamentar, sem privilégios ou perseguições. Segundo ele, é preciso manter imparcialidade e equilíbrio para que a Câmara se concentre nos problemas do país.… pic.twitter.com/mlNqJIfqL3
— GloboNews (@GloboNews) August 21, 2025
Na última sexta-feira (15), Motta enviou quatro pedidos de cassação do deputado ao Conselho de Ética da Câmara. As queixas, que estavam travadas na Mesa Diretora há semanas, incluem três denúncias do PT e uma do PSOL por quebra de decoro parlamentar supostamente por atuar contra o Brasil e a favor de punições por parte do governo de Donald Trump.
Em sua conta pessoal na rede social X, Eduardo Bolsonaro reagiu ao indiciamento pela Polícia Federal: “É lamentável e vergonhoso ver a Polícia Federal tratar como crime o vazamento de conversas privadas, absolutamente normais, entre pai e filho e seus aliados”.
O deputado afirmou que sua atuação nos Estados Unidos “jamais teve como objetivo interferir em qualquer processo em curso no Brasil” e que seu pleito é pelo “restabelecimento das liberdades individuais no país, por meio da via legislativa”.
Interlocutores de Motta avaliam que essas ameaças estão desconectadas da temperatura do Congresso Nacional. Eles afirmam que houve um momento mais favorável às demandas de Eduardo, mas que o “tarifaço” de Trump, articulado pela família Bolsonaro, tornou as chances de aprovação mínimas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria cobrado Motta pessoalmente uma resposta institucional à atuação do parlamentar. Em ao menos duas conversas recentes no Palácio da Alvorada, com a presença de outros políticos, Lula demonstrou indignação e apontou a cassação como alternativa, conforme relatos de três pessoas que acompanharam os encontros.
A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e Eduardo sob suspeita de obstrução do julgamento da trama golpista em curso no STF. O relatório final foi entregue ao tribunal na última sexta-feira (15), mesmo dia em que Motta encaminhou os pedidos de cassação ao Conselho de Ética.