
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), participou nesta quinta-feira (21) de uma palestra para profissionais do direito no centro de São Paulo, mas evitou falar com a imprensa após o bloqueio de seu cartão de crédito por uma bandeira estadunidense e a nova operação da Polícia Federal contra Jair Bolsonaro (PL) e aliados. Durante o discurso, Moraes disse que “graças a Deus ainda temos” eleições no país.
O ministro chegou ao evento caminhando pelo calçadão do centro velho, acompanhado da esposa, a advogada Viviane Barci de Moraes, de integrantes do Instituto de Direito Administrativo Sancionador Brasileiro (Idasan) e de seguranças. Ele falou por cerca de 50 minutos a um público formado por advogados sobre as mudanças recentes na lei de improbidade administrativa.
Ao abordar os efeitos da legislação, que prevê inelegibilidade em casos de condenações, Moraes citou também uma hipótese já superada que poderia ter deixado partidos de fora da aplicação da norma.
Foi nesse momento que afirmou: “nós temos, graças a Deus ainda temos, eleições a cada dois anos”, arrancando risos da plateia. O ministro é relator do inquérito que apura a trama golpista, cuja fase final do julgamento está prevista para o mês que vem.
Após a palestra, Moraes posou para fotos com advogados e foi aplaudido pelos presentes, mas se recusou a atender a imprensa, mesmo após insistência dos jornalistas. A postura ocorreu em meio à repercussão das investigações que atingem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), indiciados pela Polícia Federal na noite anterior pelos crimes de coação e obstrução de Justiça.

No mesmo inquérito, Moraes autorizou uma nova operação da PF, que resultou na apreensão de celulares e do passaporte do pastor Silas Malafaia, aliado do ex-presidente. A medida fez parte do conjunto de diligências relacionadas às acusações contra Bolsonaro e integrantes de sua base política.
Paralelamente, Moraes enfrentou repercussões pessoais da aplicação da Lei Magnitsky pelo governo dos Estados Unidos, sob gestão de Donald Trump. Conforme revelado pela imprensa, o ministro teve um cartão de crédito de bandeira estadunidense bloqueado. Em substituição, a instituição financeira de que é cliente ofereceu a ele um cartão da bandeira brasileira Elo.
A sanção é resultado da decisão de Trump de incluir Alexandre de Moraes entre as autoridades brasileiras alvo da Lei Magnitsky, legislação que prevê restrições a indivíduos acusados de violações de direitos humanos.
O governo estadunidense, alinhado ao clã Bolsonaro, classificou o julgamento do ex-presidente como uma “caça às bruxas”, justificando a medida contra o magistrado.