
É preciso corrigir um equívoco que tem se espalhado pelo noticiário: as mensagens de Eduardo Bolsonaro e Silas Malafaia não foram vazadas. Essa expressão sugere algo clandestino, ilícito ou irregular — e não é disso que se trata.
Essas conversas integram os autos de um inquérito público da Polícia Federal. Qualquer cidadão pode acessá-las, pois o material faz parte de um processo que, após ser conduzido sob sigilo durante a investigação, teve esse sigilo levantado no momento da conclusão do relatório final.

Por que as mensagens são públicas?
Durante a apuração, as diligências correm sob sigilo para preservar a coleta de provas e a integridade do processo. Concluído o trabalho, a Polícia Federal apresentou o relatório final e, em seguida, o sigilo foi baixado.
Isso significa que estamos diante de material oficial, incluído no processo por decisão judicial, e não de vazamentos obtidos por terceiros de forma irregular.
A decisão que tornou os autos acessíveis foi tomada após a entrega do relatório final ao Supremo Tribunal Federal (STF), garantindo transparência e direito de acesso à informação, conforme previsto na Constituição.
Conteúdo relacionado ao objeto da investigação
Os áudios e trocas de mensagens divulgados não dizem respeito a conversas triviais, familiares ou privadas. São diálogos que tratam diretamente de estratégias para interferir em ações de Estado, envolvendo tentativas de articulação política e jurídica com impacto no país.
Portanto, seu teor tem relevância pública e está diretamente vinculado ao objeto da investigação.
Por que isso é diferente da Lava Jato?
É importante separar este caso do que ocorreu na época da Operação Lava Jato, quando havia vazamentos seletivos durante as diligências, antes mesmo do encerramento das investigações. Naquele período, a divulgação de trechos interceptados em tempo real tinha claros objetivos políticos, inclusive com repercussão eleitoral — como no episódio dos áudios de Lula e sua família, liberados sem respaldo jurídico adequado em pleno processo de disputa eleitoral.
Aqui, o cenário é outro:
- A investigação foi concluída
- O sigilo foi levantado conforme a lei
- O acesso é público porque o processo é público
Não há ilegalidade, não há quebra de sigilo, não há vazamento.
Ouça ÍNTEGRA da troca de áudios entre Bolsonaro e Malafaia interceptada pela PF.
Conversa foi revelada nesta quarta-feira (20/8).
🎥: @SamPancher pic.twitter.com/SeQqUxlcGZ
— Metrópoles (@Metropoles) August 20, 2025
Box: Como acessar os autos?
As mensagens e áudios estão disponíveis no sistema eletrônico do Supremo Tribunal Federal (STF), onde tramitam os inquéritos que envolvem autoridades com foro privilegiado.
Para consultar:
- Acesse o site do STF (www.stf.jus.br)
- Clique em “Consulta Processual”
- Informe o número do inquérito ou busque pelo nome das partes envolvidas
Qualquer cidadão tem esse direito, pois o material é público após decisão que levantou o sigilo.