Não houve vazamento: mensagens de Bolsonaro e Silas Malafaia estão em inquérito público

Atualizado em 22 de agosto de 2025 às 7:34
O pastor Silas Malafaia e o ex-presidente Jair Bolsonaro – Foto: Reprodução

É preciso corrigir um equívoco que tem se espalhado pelo noticiário: as mensagens de Eduardo Bolsonaro e Silas Malafaia não foram vazadas. Essa expressão sugere algo clandestino, ilícito ou irregular — e não é disso que se trata.

Essas conversas integram os autos de um inquérito público da Polícia Federal. Qualquer cidadão pode acessá-las, pois o material faz parte de um processo que, após ser conduzido sob sigilo durante a investigação, teve esse sigilo levantado no momento da conclusão do relatório final.

Mensagens trocadas entre Eduardo e Jair Bolsonaro. Reprodução

Por que as mensagens são públicas?

Durante a apuração, as diligências correm sob sigilo para preservar a coleta de provas e a integridade do processo. Concluído o trabalho, a Polícia Federal apresentou o relatório final e, em seguida, o sigilo foi baixado.

Isso significa que estamos diante de material oficial, incluído no processo por decisão judicial, e não de vazamentos obtidos por terceiros de forma irregular.

A decisão que tornou os autos acessíveis foi tomada após a entrega do relatório final ao Supremo Tribunal Federal (STF), garantindo transparência e direito de acesso à informação, conforme previsto na Constituição.

Conteúdo relacionado ao objeto da investigação

Os áudios e trocas de mensagens divulgados não dizem respeito a conversas triviais, familiares ou privadas. São diálogos que tratam diretamente de estratégias para interferir em ações de Estado, envolvendo tentativas de articulação política e jurídica com impacto no país.

Portanto, seu teor tem relevância pública e está diretamente vinculado ao objeto da investigação.

Por que isso é diferente da Lava Jato?

É importante separar este caso do que ocorreu na época da Operação Lava Jato, quando havia vazamentos seletivos durante as diligências, antes mesmo do encerramento das investigações. Naquele período, a divulgação de trechos interceptados em tempo real tinha claros objetivos políticos, inclusive com repercussão eleitoral — como no episódio dos áudios de Lula e sua família, liberados sem respaldo jurídico adequado em pleno processo de disputa eleitoral.

Aqui, o cenário é outro:

  • A investigação foi concluída
  • O sigilo foi levantado conforme a lei
  • O acesso é público porque o processo é público

Não há ilegalidade, não há quebra de sigilo, não há vazamento.

Box: Como acessar os autos?

As mensagens e áudios estão disponíveis no sistema eletrônico do Supremo Tribunal Federal (STF), onde tramitam os inquéritos que envolvem autoridades com foro privilegiado.

Para consultar:

  • Acesse o site do STF (www.stf.jus.br)
  • Clique em “Consulta Processual”
  • Informe o número do inquérito ou busque pelo nome das partes envolvidas

Qualquer cidadão tem esse direito, pois o material é público após decisão que levantou o sigilo.