
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgou nesta sexta-feira (22) a transcrição integral do depoimento concedido por Ghislaine Maxwell, cúmplice de Jeffrey Epstein, ao procurador-geral adjunto Todd Blanche.
O documento tem 337 páginas. Antes da liberação, Donald Trump afirmou apoiar a divulgação completa, destacando que “pessoas inocentes não deveriam ser prejudicadas”.
Maxwell declarou que nunca presenciou qualquer comportamento impróprio de Trump em sua amizade com Epstein. “Absolutamente nunca, em nenhum contexto”, disse.
“O presidente nunca foi inapropriado com ninguém. Nos momentos em que estive com ele, foi um cavalheiro em todos os aspectos.” Ela ainda disse não ter visto Trump em sessões de massagem nem dentro da casa de Epstein.
Em julho, Trump reiterou que ele tem “permissão” para perdoar Ghislaine Maxwell.
Questionada sobre possíveis ligações entre Epstein e funcionárias do spa de Mar-a-Lago, resort de Trump na Flórida, afirmou não se recordar, embora tenha admitido ser possível que Epstein tenha recebido massagens de profissionais do local.
Maxwell foi além e expressou admiração pessoal por Trump. “Admiro seu feito extraordinário de se tornar presidente. Eu gosto dele e sempre gostei. Esse é o resumo e a substância de toda a minha relação com ele”, afirmou.
Segundo a cúmplice de Epstein, o contato com Trump começou nos anos 1990, por meio de seu pai, e durou socialmente cerca de uma década. Ela destacou que Epstein tinha uma relação mais próxima com Trump do que ela própria.
Sobre Mar-a-Lago, Maxwell disse ter estado no local apenas uma ou duas vezes, sozinha, em eventos. “Acho que eles eram cordiais como pessoas são em ambientes sociais. Não acredito que fossem amigos próximos.”
A entrevista foi conduzida por Todd Blanche, atual vice-procurador-geral e ex-advogado pessoal de Trump. Maxwell negou as acusações de que teria recebido US$ 30 milhões de Epstein para recrutar jovens, afirmando que os valores eram empréstimos para investimentos imobiliários. Também rejeitou a versão de que teria apresentado o príncipe Andrew ao financista e traficante sexual.
Um dos pontos mais polêmicos foi sua avaliação sobre a morte de Epstein. Maxwell disse não acreditar que ele tenha cometido suicídio. “Eu não acredito que ele morreu por suicídio, não”, afirmou. Questionada sobre quem poderia ter sido o responsável, respondeu que não sabia, mas descartou a teoria de que Epstein teria sido morto por estar chantageando poderosos.
Para ela, poderia ter sido um ataque sem relação com chantagem: “Na prisão, alguém pode pagar outro preso para te matar por 25 dólares em produtos de cantina. Esse é o preço atual por uma agressão fatal com um cadeado.”
A divulgação da transcrição ocorre no momento em que Trump busca frear as teorias conspiratórias ligadas ao caso, mas as declarações de Maxwell sobre a morte de Epstein prometem reacender o debate público. Pesquisas recentes mostram que 60% dos estadunidenses acreditam que o governo esconde informações sobre a morte do financista.