VÍDEO – “Não sou relator de tudo no mundo”, diz Moraes sobre processos de Bolsonaro e INSS

Atualizado em 22 de agosto de 2025 às 18:42
Alexandre de Moraes, ministro do STF. Foto: Sergio Lima/Poder 360

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rebateu críticas sobre diferenças de prazos entre o processo que julga o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado e as apurações envolvendo fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O magistrado afirmou que sua atuação no caso do INSS tem sido alvo de desinformação e esclareceu que não é o responsável pela relatoria.

“Primeiro, não tenho nada a ver com o processo do INSS. Eu não sou o relator [do caso]. Teve uma fake news… ‘ele não faz nada’. Eu não sou o relator de tudo no mundo. Gostaria de ser, mas não sou”, disse Moraes durante o evento “Leis e likes”, realizado no STF.

A declaração foi feita após um questionamento do humorista paraibano Mizael Silva, que indagou sobre a velocidade das duas investigações.

Moraes também frisou que há fluxos distintos em cada investigação e que cabe às instituições seguir seus papéis. “Quem investiga é a Polícia Federal, não sou eu. Quem denuncia é o procurador-geral da República. Quem recebeu a denúncia, foi a Primeira Turma [do STF]. Não fui eu quem iniciou o processo”. Dessa forma, segundo ele, comparações simplistas entre prazos de apurações diferentes não refletem a realidade processual.

Ao detalhar as diferenças, o ministro explicou que a ação contra Bolsonaro já se estende há quase dois anos, desde a fase inicial até o atual julgamento. Já o caso do INSS chegou ao STF apenas em abril de 2025.

“Entre investigação, denúncia e o processo, vamos completar quase dois anos. A questão do INSS não tem seis meses. E as pessoas colocam, na desinformação, que é o mesmo prazo. Uma coisa tem quase dois anos, 1 ano e 8 meses, e outra chegou no Supremo em abril”, afirmou Moraes.

O magistrado também reforçou que cada processo possui particularidades próprias que interferem no ritmo de tramitação.

“Às vezes, algo demora mais ou menos por questões processuais, tem que preparar, estudar o processo, não há nenhuma predileção para um lado ou para o outro. Depende do procedimento, do relator, das provas… Comparar coisas diversas é muito complicado. Não é que um está mais rápido que o outro. É que uma coisa é completamente diferente da outra”, explicou o magistrado.

Enquanto Moraes defendia sua posição, outro desdobramento atingiu o caso do INSS. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou parecer pedindo a substituição do relator, atualmente sob responsabilidade do ministro Dias Toffoli. Segundo o PGR, Toffoli “não é o prevento” para conduzir o caso, termo que indica ausência de vínculo processual capaz de justificar a relatoria automática.

No documento enviado ao STF, Gonet argumentou que não há competência estabelecida para que Toffoli siga à frente das apurações conduzidas pela Polícia Federal. Diante da manifestação, o próprio Toffoli decidiu encaminhar a questão ao presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, que deverá definir se o processo continuará com ele ou se será redistribuído por sorteio entre os ministros da Corte.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.