Um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no agronegócio, Nabhan Garcia criticou a confirmação da presença de Michelle Bolsonaro (PL) na Festa do Peão de Barretos, marcada para este sábado (23). Segundo os organizadores, a ex-primeira-dama deve comparecer ao evento, considerado uma das maiores vitrines políticas do país. O empresário atuou como secretário de Assuntos Fundiários no governo Bolsonaro.
Garcia, que foi secretário de Assuntos Fundiários no governo Bolsonaro e presidiu a União Democrática Ruralista (UDR), classificou como inoportuna a ida de Michelle. “Se eventualmente ela está indo para explorar algum proveito político, será para quem? Porque o marido está inelegível, e ele mesmo já disse que, por conta de uma perseguição, vai ser preso. Ela irá se candidatar a alguma coisa?”, questionou.
O nome da ex-primeira-dama vem sendo cogitado como possível candidata à Presidência em 2026, embora aliados indiquem que seu plano principal seja disputar o Senado pelo Distrito Federal. A hipótese de concorrer ao Planalto ganhou força em meio à inelegibilidade de Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar e aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
Nabhan Garcia, no entanto, demonstrou preocupação com os reflexos políticos da participação de Michelle em Barretos. Para ele, o contexto atual fragiliza a imagem da família Bolsonaro.
“Há um desgaste, imagina como está o presidente Bolsonaro hoje preso, embora não condenado. Vai ter desgaste, não tenho nada pessoal contra a ex-primeira-dama, que é esposa do meu amigo, que sempre quis o bem do Brasil. Estamos vivendo outra realidade hoje, um presidente prestes a ser julgado e condenado”, declarou o agricultor.
Apesar de ressaltar respeito à figura de Michelle por sua atuação como esposa do ex-presidente e mãe, Garcia afirmou não vê-la preparada para assumir a Presidência.
“O presidente não pode dizer que gosta só de evangélicos ou só de samba, tem que ter um histórico. Acredito que ela não está preparada para este voo”, disse. Segundo ele, um cargo no Senado seria mais compatível com sua trajetória política:
“Como senadora ela ajuda a fiscalizar e criar leis, mas administrar o país é complexo demais. Tem que ter muito preparo e conversar com todos”.
As críticas de Nabhan Garcia revelam mais uma fissura no campo bolsonarista, que recentemente já vinha sendo abalado por disputas internas. Mensagens obtidas pela Polícia Federal em inquéritos mostraram trocas de farpas entre Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o pastor Silas Malafaia, um dos principais articuladores do grupo.