A dívida milionária de Malafaia com a União que cresceu em 843%

Atualizado em 23 de agosto de 2025 às 9:28
Silas Malafaia durante ato bolsonarista. Foto: reprodução

Na mira da Polícia Federal, o pastor Silas Malafaia, fundador da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo e aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), enfrenta também uma situação financeira delicada. O líder religioso acumula dívidas tributárias com a União que somam mais de R$ 17 milhões, de acordo com dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).

A maior parte desse valor, R$ 16.983.200,80, está vinculada à Editora Central Gospel Ltda, aberta há 26 anos por Malafaia e sua esposa, a pastora Elizete Malafaia. A empresa entrou em recuperação judicial em 2019.

Outra parcela menor, de R$ 46.388,42, está em nome da própria Assembleia de Deus. Segundo os registros, o montante devido pela editora inclui R$ 6,9 milhões em débitos previdenciários e outros R$ 10,1 milhões em dívidas diversas.

A dívida atual da Central Gospel representa um salto de 843% em comparação com 2021, quando a empresa devia R$ 1,8 milhão à União. Além das pendências tributárias, a editora também responde a dívidas no processo de recuperação judicial que somam R$ 15,6 milhões. Entre os credores estão desde microempreendedores até grandes bancos e trabalhadores.

Ao Metrópoles, Malafaia confirmou as dívidas: “Sobre os outros credores, eu já estou pagando na recuperação judicial, que já foi concluída, já foi homologada. Já estou pagando há dois anos isso”. O advogado do pastor também destacou que há tratativas em andamento com a União para quitar os débitos tributários.

Eduardo Bolsonaro, Silas Malafaia e Jair Bolsonaro durante ato golpista na Avenida Paulista. Foto: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo

Paralelamente à questão financeira, Malafaia é alvo de investigação da Polícia Federal. O pastor teve seu celular apreendido na última quarta-feira (20), logo após desembarcar no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, vindo de Lisboa. A medida foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do inquérito que apura ações de coação e obstrução de Justiça ligadas à trama golpista que envolve Jair Bolsonaro e aliados.

De acordo com Moraes, a perícia realizada no celular do ex-presidente Jair Bolsonaro indica que Malafaia “exerce papel de liderança nas ações planejadas pelo grupo investigado que tem por finalidade coagir os ministros do STF e outras autoridades brasileiras”. O magistrado destacou que as evidências sugerem práticas voltadas a coação no curso do processo e tentativas de obstrução de investigações judiciais.

Além da apreensão de celulares e anotações, Malafaia foi proibido de deixar o Brasil. Todos os seus passaportes, nacionais e estrangeiros, foram cancelados. Moraes ainda determinou que o pastor não pode manter contato com outros investigados do núcleo ligado a Bolsonaro, incluindo Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atualmente está nos Estados Unidos. A proibição abrange qualquer meio de comunicação, até mesmo por intermédio de terceiros.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.