
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, fará uma manifestação breve no Supremo Tribunal Federal (STF) durante o julgamento da trama golpista que envolve Jair Bolsonaro (PL) e mais sete réus. A sessão está marcada para o próximo dia 2 de setembro, e a expectativa é de que Gonet utilize apenas meia hora do tempo disponível para reforçar o pedido de condenação do ex-presidente, conforme informações do Estadão.
Segundo pessoas próximas, Gonet pretende ser objetivo e focar em três pontos principais: relembrar o histórico do processo, destacar as inconsistências nos depoimentos dos réus e mostrar que a investigação é sólida, independentemente da delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
O processo reúne provas contra Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Durante interrogatório ao STF em junho, o ex-presidente admitiu que cogitou decretar estado de sítio após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitar o pedido de seu partido para anular votos do segundo turno de 2022. Ele também confirmou ter mostrado uma minuta de teor golpista ao então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, mas negou que tivesse a intenção de dar um golpe.
A delação premiada de Mauro Cid, que revelou detalhes do plano golpista, é frequentemente usada por bolsonaristas para tentar descredibilizar o processo. Bolsonaro chegou a afirmar, sem provas, que o militar teria sofrido “tortura” para colaborar com as autoridades. No entanto, a PGR considera que as provas reunidas são robustas e não dependem exclusivamente do depoimento do ex-ajudante.
No mês passado, Gonet defendeu que a colaboração de Cid resulte apenas em uma redução mínima de pena, de um terço, já que ele teria omitido “fatos graves” e causado “prejuízos relevantes ao interesse público”. Essa avaliação não alterou a posição da PGR, que pede a condenação de todos os oito réus do núcleo principal da trama golpista.