
Um relatório da Polícia Federal (PF), que investiga Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia por suspeita de coação no processo do golpe, revelou movimentações financeiras que chamaram a atenção dos investigadores. De acordo com o documento, entre janeiro e julho de 2025, o ex-presidente Jair Bolsonaro realizou 40 saques em espécie, totalizando R$ 130,8 mil — o equivalente a R$ 3.270 por dia, valor superior a dois salários mínimos diários.
A investigação mostra que os saques foram feitos em caixas eletrônicos e guichês bancários, indicando movimentação constante de dinheiro vivo. O levantamento é visto pela PF como parte de um padrão de comportamento financeiro da família Bolsonaro, que tem sido alvo de escrutínio em diferentes inquéritos.
O relatório ainda cita informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), segundo as quais, entre março de 2023 e fevereiro de 2024, Bolsonaro já havia realizado 97 saques, que somaram R$ 198,1 mil. Esse histórico reforça o quadro de uso frequente de dinheiro vivo, o que desperta questionamentos sobre a origem e a destinação dos valores.

Os saques em espécie aparecem em meio às acusações de que Jair e Eduardo Bolsonaro teriam atuado para interferir no julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023. O caso também envolve Malafaia, citado em diálogos que foram anexados pela PF ao processo em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
A prática de movimentar altos valores em espécie, embora não seja ilegal por si só, é frequentemente associada a tentativas de dificultar o rastreamento financeiro. Para a PF, os dados reforçam a necessidade de aprofundar a análise sobre a rede de apoio e financiamento do ex-presidente, especialmente no contexto das acusações ligadas à articulação antidemocrática.
As informações do relatório foram enviadas ao STF, onde o ministro Alexandre de Moraes conduz as investigações. O material também deve ser analisado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que poderá decidir sobre eventuais denúncias formais contra Bolsonaro e os demais investigados.