Escândalo de propina na Argentina atinge núcleo do governo Milei

Atualizado em 23 de agosto de 2025 às 17:08
Presidente argentino, Javier Milei, e sua irmã Karina Milei. Foto: Gustavo Garello/ AP Photo

A Justiça argentina deflagrou uma operação de buscas nesta sexta-feira (22) em meio a uma investigação sobre um suposto esquema de corrupção na Agência Nacional da Pessoa com Deficiência (ANDIS), envolvendo compras de medicamentos para o Estado. O caso ganhou repercussão após a divulgação de áudios atribuídos ao ex-dirigente da agência, Diego Spagnuolo, nos quais há menções a Karina Milei, irmã e secretária do presidente Javier Milei, além de Eduardo “Lule” Menem, subsecretário de gestão institucional do governo.

Nos áudios, Spagnuolo teria dito que a agência estava sendo fraudada e que Karina Milei teria recebido propinas. Em outro trecho, ele afirma possuir conversas de WhatsApp que comprovariam os subornos. Apesar disso, a autenticidade das gravações ainda não foi confirmada pela Justiça, e até o momento não houve prisões ou acusações formais. O presidente argentino não comentou o caso, mas o chefe de gabinete afirmou que Milei nunca foi informado de qualquer irregularidade por Spagnuolo.

Durante a operação, as autoridades apreenderam carros, celulares e até uma máquina de contagem de dinheiro na casa do ex-dirigente. Também foram incluídas no inquérito a farmácia Suizo Argentina e seus proprietários, que tiveram US$ 266 mil (R$ 1,5 milhão) confiscados. O local é citado como um dos principais fornecedores da ANDIS e apontado como pagador de subornos. Tanto Spagnuolo quanto empresários ligados à farmácia foram proibidos de deixar o país.

Javier Milei, presidente da Argentina, com macacão da YPF. Foto: reprodução

O escândalo surge em um momento politicamente delicado para Javier Milei. Nesta semana, o governo enfrentou derrotas no Congresso, incluindo a tentativa de parlamentares de anular um veto presidencial que barrava aumento de apoio financeiro a pessoas com deficiência. A crise estoura a menos de dois meses das eleições legislativas de meio de mandato, vistas como um teste para a agenda de austeridade e reformas econômicas do governo.

A proximidade de Karina Milei com o presidente agrava o impacto político das denúncias, já que ela é considerada uma das figuras mais influentes da gestão. Até o momento, autoridades próximas ao governo evitam comentar o caso, aguardando uma definição da Justiça sobre a veracidade das gravações e os próximos passos do ex-chefe da ANDIS.