Malafaia admite sociedade com Sheik do Bitcoin, que pôs R$ 30 milhões em sua empresa

Atualizado em 25 de agosto de 2025 às 7:42
Silas Malafaia

Condenado a 56 anos de prisão por comandar um esquema de pirâmide financeira bilionário, o empresário Francisley Valdevino da Silva, conhecido como Sheik do Bitcoin, aportou R$ 30 milhões em uma sociedade com o pastor Silas Malafaia. A informação consta de depoimento do empresário Davi Zocal à Polícia Federal, em agosto de 2022, revelado apenas agora.

Segundo Zocal, Francisley buscava proximidade com figuras influentes e decidiu ajudar financeiramente a Central Gospel, editora de Malafaia que passava por recuperação judicial. Para formalizar o negócio, os dois criaram a empresa Alvox Gospel Livros Marketing Direto, em maio de 2021. A sociedade durou pouco mais de um ano, sendo encerrada em julho de 2022. Poucos meses depois, o Sheik do Bitcoin foi preso e posteriormente condenado.

Em depoimento, Zocal afirmou que Francisley chegou a propor comprar dívidas da Central Gospel. “Ele gastou muito. Entre confecção e tudo, foram R$ 30 milhões para erguer a empresa. Para não prejudicar a imagem, abriram outra empresa em paralelo”, declarou. Documentos mostram que o aporte foi usado para sustentar as operações da editora evangélica, que acumulava dívidas milionárias.

Procurado, Silas Malafaia confirmou a sociedade, mas argumentou que à época não havia investigações contra Francisley. “Ele foi sócio um ano. Não existia denúncia no Ministério Público nem na Polícia Federal contra ele”, disse. O pastor afirmou ainda que Francis era o gestor da Alvox e que deixou a empresa em março de 2022, antes de surgirem notícias de que o empresário era alvo da PF.

Malafaia rejeitou acusações de que teria promovido o Sheik do Bitcoin em sua igreja. “Onde é que eu fiz propaganda para alguém? Em lugar nenhum. Fui sócio de uma empresa na qual ele era o controlador. Querem me acusar de quê? Vão prender os 100 que tinham empresas com ele?”, questionou.

O caso reacende a polêmica sobre as conexões entre líderes religiosos e empresários envolvidos em esquemas de fraude financeira. Segundo a PF, o grupo comandado por Francisley teria movimentado cerca de R$ 4 bilhões entre 2018 e 2022, prejudicando aproximadamente 15 mil pessoas, entre elas a filha de Xuxa, Sasha Meneghel.