Woody Allen participa de festival russo e Ucrânia o ataca: “Insulto”

Atualizado em 26 de agosto de 2025 às 8:05
Woody Allen

Woody Allen rebateu críticas do governo da Ucrânia por ter participado, por link remoto, do Festival Internacional de Cinema de Moscou.

O cineasta foi acusado pelo Ministério das Relações Exteriores ucraniano de colaborar com a “propaganda russa” ao se associar a um evento apoiado por aliados de Vladimir Putin.

Em nota ao Guardian, Allen afirmou: “Quando se trata do conflito na Ucrânia, acredito firmemente que Vladimir Putin está totalmente errado. A guerra que ele causou é horrível. Mas, independentemente do que políticos tenham feito, não considero que cortar conversas artísticas seja uma boa forma de ajudar.”

Segundo a imprensa russa, Allen declarou não ter planos de filmar na Rússia, mas disse nutrir “bons sentimentos” por Moscou e São Petersburgo.

Também elogiou o cinema russo, em especial a adaptação de “Guerra e Paz” (1969), de Sergei Bondarchuk, vencedora do Oscar. Seus dois últimos filmes, “O Festival do Amor” (2020) e “Golpe de Sorte em Paris” (2023), foram financiados por produtoras europeias, após o rompimento de contrato com a Amazon em 2019.

Allen afirmou que filmaria na Rússia, segundo a agência estatal Ria Novosti. “Se tais propostas surgirem, irei sentar-me e pensar num argumento”, disse. Mencionou uma viagem “não muito agradável” nos tempos da União Soviética e acrescentou que depois “tudo mudou, a Rússia tornou-se maravilhosa”.

O diretor participou de um painel conduzido por Fyodor Bondarchuk, cineasta próximo a Putin e autor de filmes como “Stalingrado” (2013).

A chancelaria ucraniana classificou a participação como “uma vergonha e um insulto ao sacrifício de atores e cineastas mortos ou feridos por criminosos de guerra russos”.

O órgão acrescentou: “Ao participar de um festival que reúne apoiadores de Putin, Allen fecha os olhos para as atrocidades que a Rússia comete todos os dias na Ucrânia. A cultura não pode ser usada para limpar crimes ou servir como ferramenta de propaganda.”