
O auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto, de 44 anos, preso preventivamente desde 12 de agosto, abriu contas no exterior e criou offshores na Suíça a partir de 2022, segundo documentos obtidos pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Conhecida como “Operação Suíça”, a apuração aponta a constituição de cinco contas bancárias, além da compra de € 10 mil, aproximadamente R$ 64 mil. Para realizar a operação, Artur teria pago R$ 198 mil a intermediários.
Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça revelam que o fiscal detalhou em e-mails encontros com bancos suíços para ativação das contas, definição de senhas e liberação de transferências. A investigação também descobriu movimentações relacionadas ao “Project Dolphin”, vinculado à abertura de contas nas Bahamas. Os procuradores apuram ainda o volume total de recursos transferidos.
Artur Neto foi preso junto ao empresário Sidney Oliveira, da Ultrafarma, e Mário Otávio Gomes, da Fast Shop. Os dois foram soltos após decisão judicial, enquanto o fiscal permanece em prisão preventiva. O Ministério Público aponta que ele prestava consultoria às empresas investigadas e assinava pessoalmente reembolsos tributários na Secretaria da Fazenda de São Paulo (Sefaz-SP). O esquema teria movimentado cerca de R$ 1 bilhão em cinco anos.

Os contratos eram intermediados pela Smart Tax, empresa criada por Artur Neto e sua mãe, Kimio Mizuzaki. O capital social da consultoria saltou de R$ 50 mil em 2021 para R$ 500 mil em 2022. No mesmo período, o patrimônio declarado de Kimio aumentou de R$ 411 mil para R$ 2 bilhões em apenas dois anos. O MP também apura contratos firmados com a rede Oxxo, o laboratório Vitalab, a Kalunga, a Autostar e a Rede de Postos 28.
As empresas mencionadas negam irregularidades. A Ultrafarma informou em nota que colabora com as autoridades e confia na comprovação de inocência. A Fast Shop declarou estar à disposição da investigação. O Grupo Nós, dono da Oxxo, afirmou não possuir relações comerciais com a Smart Tax, enquanto a Autostar alegou desconhecer os benefícios fiscais apontados. Outras companhias, como Vitalab e Kalunga, não responderam.
A Secretaria da Fazenda de São Paulo exonerou Artur Gomes da Silva Neto após pedido escrito do próprio fiscal. A gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) abriu procedimento disciplinar e determinou a reavaliação de pedidos de ressarcimento de ICMS ligados às práticas investigadas. A defesa de Artur, que inclui o ex-promotor Fernando Capez, foi procurada, mas não se manifestou até o momento.