
O Ministério da Defesa e o Itamaraty negaram que exista qualquer planejamento para resgatar o presidente venezuelano Nicolás Maduro em caso de agravamento da crise no país vizinho. A hipótese, ventilada no site DefesaNet, chegou a ser interpretada como a iminência da chamada Operação Imeri, nome atribuído a um suposto plano de evacuação. Segundo a pasta, não houve alocação de recursos humanos, de equipamentos ou discussão formal dentro das Forças Armadas brasileiras.
O debate teria surgido em setores políticos do governo brasileiro, mas não passou de especulações sem envolvimento direto da Defesa, do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica. O Itamaraty também negou que o chanceler Mauro Vieira tenha tratado do tema com o ministro venezuelano Yván Gil durante reunião em Bogotá, em 21 de agosto de 2025. A chancelaria reforçou que o encontro se limitou a assuntos fronteiriços e de cooperação regional, sem menções a operações militares de resgate.
A chamada Operação Imeri poderia ter duas vertentes. A primeira envolveria meios navais e aeronavais da Marinha do Brasil, como o Porta-Helicópteros Atlântico e fragatas da classe Niterói, apoiados por tropas de operações especiais. A segunda especulada seria uma ação aérea com um KC-390 Millennium da Força Aérea, conduzindo uma infiltração rápida para extrair Maduro e levá-lo a Boa Vista, em Roraima. Nenhuma dessas hipóteses, entretanto, foi confirmada oficialmente, e militares de alto escalão teriam demonstrado resistência a qualquer envolvimento nesse tipo de missão.

O pano de fundo das especulações é a pressão dos Estados Unidos contra o regime de Caracas. O presidente Donald Trump autorizou em agosto de 2025 o envio de destróieres e tropas para o sul do Caribe, numa ofensiva direta contra o narcotráfico. Washington considera Maduro parte de uma rede criminosa transnacional e fixou uma recompensa de 50 milhões de dólares por sua captura. A eventual movimentação brasileira, ainda que sob pretexto de “cooperação humanitária”, seria vista pelos norte-americanos como tentativa de proteger um ditador classificado como narcoterrorista.
A quem interessa vazar um suposto plano desses?