Quem é o ex-advogado de Eduardo Cunha alvo de operação contra o PCC na Faria Lima

Atualizado em 28 de agosto de 2025 às 9:23
Ricardo Magro, ex-advogado de Eduardo Cunha alvo da Operação Carbono Oculto. Foto: reprodução

O empresário Ricardo Magro, controlador da refinaria Refit (antiga Manguinhos), voltou ao centro das atenções com a deflagração da Operação Carbono Oculto nesta quinta-feira (28), a maior já realizada no país contra a infiltração do crime organizado na economia formal na região da avenida Faria Lima, centro econômico em São Paulo. Magro tem um histórico marcado por investigações e acusações que o colocam como um personagem polêmico no setor de combustíveis.

Ex-advogado do ex-deputado Eduardo Cunha, Magro chegou a ser preso em 2016 sob suspeita de desvios em fundos de pensão. Posteriormente foi absolvido, mas continuou enfrentando acusações.

Em outra frente, foi investigado por supostamente montar um esquema de corrupção dentro da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que previa o pagamento de propinas para manter uma “rede de proteção” aos seus negócios e limitar a entrada de concorrentes. O caso foi arquivado, e o empresário negou as acusações.

Atualmente, vive em Miami, enquanto a Refit responde a processos por sonegação fiscal. A Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo aponta a empresa como a maior devedora do estado, com R$ 8,1 bilhões em tributos não pagos.

O nome de Magro reaparece agora associado ao núcleo principal da Carbono Oculto, operação que mobilizou 1.400 agentes em dez estados para cumprir 200 mandados contra 350 alvos. A investigação aponta a atuação de grupos econômicos que teriam se associado a operadores ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) para controlar etapas da cadeia de etanol, gasolina e diesel. Parte desse processo, segundo o Gaeco e a Polícia Federal, teria envolvido empresas ligadas a Magro e ao Grupo Refit.

Agentes da Polícia federal, em conjunto com as receitas federal e estadual fizeram buscas e apreensões em endereços na Faria Lima. Foto: Werther Santana/Estadão

Na Faria Lima, coração financeiro do país, policiais e fiscais concentraram ações em 42 alvos, entre corretoras, fundos e empresas de investimentos. Só a instituição de pagamentos BK Bank teria movimentado R$ 17,7 bilhões em operações suspeitas, com a Receita Federal estimando R$ 1,4 bilhão em tributos federais sonegados. O CIRA/SP pediu bloqueio de bens para tentar recuperar outros R$ 7,6 bilhões em tributos estaduais.

Os investigadores afirmam que o grupo econômico ligado a Magro, além de outros empresários como Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Loco, e Mohamad Hussein Mourad, expandiu atividades sobre a cadeia de combustíveis financiado por dinheiro ilícito. O objetivo seria blindar patrimônio e ampliar lucros, inclusive por meio de investimentos no mercado financeiro, com lobistas atuando em Brasília.

Parte desse poder econômico teria se sustentado também por práticas como a importação irregular de metanol pelo Porto de Paranaguá (PR), produto que era desviado para adulterar gasolina em postos e distribuidoras.

O esquema teria rendido “lucros bilionários à organização”, segundo promotores. Além disso, a Justiça decretou a indisponibilidade de quatro usinas de álcool, cinco administradoras de fundos de investimento, cinco redes de postos de combustíveis e 17 distribuidoras.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.